O balanço financeiro apresentado ao Conselho Deliberativo, na noite desta terça-feira (8), mostrou que o São Paulo fechou 2024 no vermelho. Mas nada que abale a confiança do presidente Julio Casares.
O Tricolor fechou 2024 com déficit de R$ 287 milhões – o maior desde que Casares assumiu a presidência, em dezembro de 2020. Nas redes sociais, o mandatário procurou justificar o aumento da dívida.
Entre os fatores citados por Casares estão a “manutenção de um time competitivo, pagamento de juros bancados oriundos da dívida e de empréstimos contraídos pela necessidade de manter o fluxo de caixa para pagamentos rotineiros e de curto prazo, pagamento de tributos e multas e mudança de como a base passou a ser registrada”.
“Além de tudo isso, o mercado do futebol inflacionou exponencialmente nos últimos 5 anos, com o surgimento das SAFs e as casas de apostas aportando mais dinheiro nos clubes. Desta forma, para nos mantermos competitivos, precisamos aumentar alguns investimentos e usar a criatividade. Hoje o futebol está mais caro. Um valor que antes era suficiente para pagar o salário de um jogador considerado de elite passou a ser um custo pouco acima da média, por exemplo. Prova de que nos mantivemos competitivos são as cinco finais disputadas e os três títulos conquistados nos últimos quatro anos”, explicou o presidente.
Mesmo com os números não sendo positivos, Julio Casares disse que o São Paulo tem mais de R$ 2 bilhões de recebíveis garantidos até 2030, prometendo entregar “uma ótima situação para os futuros gestores em 2027”, quando encerra seu segundo mandato.
Confira o que escreveu Julio Casares após o balanço financeiro:
São-paulinas e são-paulinos, acredito que a melhor maneira para eu me comunicar com vocÊs e transmitir essa radiografia do que acontece e do que está por vir no nosso amado clube seja por aqui. Vou tentar explicar todos os pontos, até para evitar que informações ou cortes tendenciosos criem ruídos. Então, vamos lá.
Hoje, após seguir os trâmites internos e ser auditado por uma empresa externa, o balanço de 2024 será apresentado ao Conselho Deliberativo. É claro que o resultado não é o que gostaríamos, mas temos um planejamento para estancar a sangria da dívida e deixar o São Paulo Futebol Clube com mais musculatura para quem me suceder e para o centenário, em 2030.
O déficit alto (R$ 287 milhões) é resultado de alguns fatores. Os principais são:
1 – Manutenção de um time competitivo (evitamos ao máximo vender jogadores, sendo que dois dos nossos principais ativos sofreram lesões na última temporada – Pablo Maia e Nestor);
2 – Pagamento de juros bancários oriundos da dívida e de empréstimos contraídos pela necessidade de manter o fluxo de caixa para pagamentos rotineiros e de curto prazo.
Com a detecção de tais fatos, criamos um planejamento para reverter tal situação e estancarmos a dívida. O SPFC criou o seu fundo em parceria com a Galapagos Capital e Outfield. Tal produto foi bem aceito pelo mercado financeiro. Já captamos R$ 135 milhões nestes primeiros meses, a verba foi utilizada para pagamentos de dívidas, tributos e fluxo de caixa. Nos próximos meses, vamos aportar mais contratos futuros para a antecipação e a liberação de receitas.
O marketing tem trabalhado arduamente e alcançado excelentes resultados para criarmos novas receitas. O contrato de patrocínio máster terá um aumento significativo, temos receitas garantidas até 2030, com acordos longos já visando o nosso centenário. Até mesmo os naming rights do estádio, um negócio que era visto com descrédito e difícil de conseguir fechar por muitos, foi conseguido com valos expressivos, com o Morumbis virando um case de sucesso na área. O acordo de direitos de transmissão feito com a Libra também trará recursos importantes para o clube nos próximos anos.
O SPFC criou também ações estratégicas para fomentar a base e para o impulsionamento da formação de jogadores e de recursos. O trabalho nas categorias de base também ficou mais caro e o jogador brasileiro passou a ser negociado ainda mais cedo, antes de subir para o time principal. Criou-se agora um novo tipo de mercado. Entendemos essa mudança e nos adaptamos. E os primeiros resultados esportivos já começaram a aparecer, com os títulos do sub-20 da Copa do Brasil em 2024 e da Copinha neste ano.
Trabalhamos também para deixar o Morumbis e a região ainda mais confortáveis e valorizadas para o torcedor e associado. Fizemos inúmeras reuniões com as autoridades. E hoje, com a ação conjunta da prefeitura e do governo do estado, a importante obra do córrego Antonico está sendo feita para evitar as enchentes na região. Ou seja, em 2030 a região estará ainda melhor para os são-paulinos e os paulistanos em geral.
Talvez você não saiba, mas muitos desses empréstimos para serem obtidos precisaram até mesmo do meu aval pessoal, colocando meus bens em risco.
3 – Pagamento de tributos e multas, alguns ainda oriundos da pandemia e que resultaram quase R$ 90 milhões negativos;
4 – Mudança de como a base passou a ser registrada, não constando mais como investimento e sim como despesa e onerando a dívida em cerca de R$ 40 milhões.
Além de tudo isso, o mercado do futebol inflacionou exponencialmente nos últimos 5 anos, com o surgimento das SAFs e as casas de apostas aportando mais dinheiro nos clubes. Desta forma, para nos mantermos competitivos, precisamos aumentar alguns investimentos e usar a criatividade. Hoje o futebol está mais caro. Um valor que antes era suficiente para pagar o salário de um jogador considerado de elite passou a ser um custo pouco acima da média, por exemplo. Prova de que nos mantivemos competitivos são as cinco finais disputadas e os três títulos conquistados nos últimos quatro anos.
Além de tudo isso, passamos a rever a cultura interna e os procedimentos de administração geral em todos os departamentos. Sem deixar de manter a equipe competitiva, com contratações importantes, como a do Oscar, trabalhamos para reduzir os custos e aumentar a eficiência.
O processo será longo e não é simples e nem fácil de atravessar. Mas juntos vamos passar por tudo e trabalhar para deixar o São Paulo Futebol Clube ainda mais forte.