A Polícia Civil rejeitou nesta segunda-feira (14) o pedido de adiamento do depoimento do presidente do Corinthians, Augusto Melo, na investigação do “caso VaideBet“. Com isso, o dirigente terá mesmo que comparecer na próxima quarta-feira (16). Caso não o faça, perderá a chance de se defender.
Também nesta segunda, o ex-diretor financeiro do Timão, Marcelo Mariano, compareceu à polícia e prestou depoimento.
Mariano falou por cerca de três horas. Segundo apurou a ESPN, ele contradisse as recentes falas do empresário Alex Cassundé e colocou Cassundé como intermediário do acordo entre Corinthians e VaideBet, citando inclusive uma reunião com o ex-superintendente de marketing alvinegro, Sérgio Moura.
Alex Cassundé disse em depoimento que não cobrou para intermediar a assinatura entre clube e casa de apostas, alegando ainda que conheceu a VaideBet no serviço de inteligência artificial ChatGPT. Sérgio Moura, por sua vez, prestará depoimento nesta terça-feira (15), às 14h (de Brasília).
Na quarta, será a vez do Augusto Melo. A defesa do presidente do Corinthians tentou adiar o depoimento alegando que não teve acesso ao autos. O delegado Tiago Fernando Correia e o promotor de Justiça do Gaeco (Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Juliano Carvalho Atoji, negaram o pedido.
Vale lembrar que Augusto, Mariano e Moura estão depondo na condição de investigados, e não de testemunhas.
Segundo apurou a ESPN, essa mudança na condição passa pelos resultados das diligências que foram conduzidas desde o início da investigação como depoimentos, quebras de sigilos bancários e investigações conduzidas pela Polícia Civil.
Ainda de acordo com a apuração, o conjunto do material levantado no processo investigatório levou os responsáveis pelo caso a realizar convocações do trio nas condições de investigados.
Essa, inclusive, foi a razão para que Augusto, Mariano e Moura fossem ouvidos no fim da investigação. A ideia era ouvir todas as partes e conduzir as diligências que o DPPC entendeu necessárias para que então os dirigentes alvinegros fossem convocados.
Ainda segundo apurou a ESPN, o passo seguinte às oitivas será a conclusão do inquérito por parte da Polícia Civil para que o processo seja enviado ao MP-SP (Ministério Público de São Paulo).
Ficará a cargo do órgão oferecer uma denúncia ou não com base nas investigações do DPPC (Departamento de Polícia de Proteção a Cidadania). A expectativa é de que o inquérito concluído seja enviado ao MP-SP no início de maio.
Caso VaideBet
O acordo entre Corinthians e VaideBet ganhou a atenção das autoridades públicas após a descoberta de repasses de receitas oriundas de pagamentos do clube para a Rede Social Media Design Ltda, empresa de propriedade de Alex Cassundé e citada no contrato como intermediadora do negócio.
Na sequência, parte destes valores foram transferidos para uma empresa “laranja” e chegaram a uma conta vinculada ao crime organizado.
Esta participação deu à empresa o direito a receber 7% do valor total do acordo entre o clube e a VaideBet, o que, à época da vigência da parceria, renderia, ao fim do período de três anos, R$ 25,2 milhões, quantia que deveria ser repassada pelo clube, em parcelas mensais de R$ 700 mil.