Erick Pulga é um dos destaques do Bahia. Autor do gol do primeiro triunfo do clube na fase de grupos da CONMEBOL Libertadores, o atacante provavelmente será titular nesta quinta-feira (23), às 21h (de Brasília), contra o Atlético Nacional, com transmissão ao vivo do Disney+.
Conhecido pela velocidade e a ousadia em campo, Pulga precisou desde cedo driblar a pobreza e a desconfiança – pelo porte físico baixo e franzino – para virar um atleta profissional.
“Muitos desacreditaram de mim, mas sempre fui firme e me mantenho de pé. Meus familiares sempre me ajudaram”, contou em entrevista exclusiva à ESPN.
A mãe também se lembra de uma época difícil. Vendedora de lanches, Eliza se separou do marido quando Erick ainda era pequeno, o que fez o garoto assumir responsabilidades em casa.
“Ele estudava no colégio de manhã e à tarde me ajudava a fazer os salgados. Eu preparava a massa e ele cortava os queijos em forma de quadrado para fazer a bolinha de queijo. Ele era muito rápido nisso. Estava com ele na Bahia dias atrás e lembramos disso”, recordou a mãe do atacante, também à ESPN.
“Enfrentei muitas coisas na minha vida. Deus sabe o quanto eu batalhei e me dediquei ao máximo”, disse Erick.
Quando entrou nas categorias de base do CEFAT (Centro de Formação de Atletas Tirol), em Fortaleza, ele não tinha dinheiro sequer para pagar o ônibus, que custava R$ 3,50 à época. Por isso, arrumou uma bicicleta emprestada de um amigo e pedalava todos os dias por uma hora até chegar aos treinos.
“Erick não gostava de perder nunca e deu um jeito porque só pensava em jogar bola. Sempre foi muito esforçado e nunca me deu trabalho, nem na escola”, disse a mãe.
O esforço deu certo. Foi para o River do Piauí e se destacou na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2020. Ele ainda teve uma passagem pelo sub-20 do Fortaleza antes de chegar ao Atlético Cearense, no ano seguinte. O atacante conseguiu o acesso na Série D do Brasileiro.
Depois disso, defendeu Madureira, Campinense e Maracanã até ir para o Ferroviário, no qual brilhou com nove gols nos primeiros meses de 2023. Contratado pelo Ceará logo depois do Estadual, conseguiu deslanchar no ano seguinte.
No Vozão, foi artilheiro da Série B do Brasileirão e conquistou o acesso para a elite do Brasileiro em 2024. Cobiçado por vários clubes, foi comprado pelo Bahia na atual temporada.
“É um clube gigante, com um projeto imenso também”, disse o atacante de 24 anos, que hoje divide vestiário com grandes nomes do futebol brasileiro.
“Everton Ribeiro, Caio Alexandre, Jean Lucas, os caras que eu acompanhei na TV. E é gratificante demais estar ao lado deles”.
Agora comandado por Rogério Ceni, o jogador destacou o papel essencial do treinador em seu sucesso no Tricolor.
“O Rogério é um cara que desde a minha chegada me motivou muito. Ele sempre falou para manter o que eu fiz no Ceará e melhorar cada vez mais”.
“A gente está fazendo um belo trabalho com o professor Rogério Ceni. Ele é um cara que ajuda muito a gente, está sempre nos dando força, nos apoiando e está fazendo um belo trabalho aqui com a equipe do Bahia”.
Logo após marcar o gol contra o Nacional-URU, que decretou o primeiro triunfo do Bahia fora do Brasil na história da Libertadores, Erick Pulga não escondeu a emoção.
“Uma noite histórica para mim, jamais esquecerei. É gratificante demais e estou muito orgulhoso”.
Uma felicidade de quem sabe que venceu na vida. E a altura foi apenas mais um obstáculo a ser superado.
“Apelido de Pulga veio de família. Eu sou pequeno, mas a história de Davi (contra o gigante Golias) já está para aí para explicar”.
O futebol parece estar no sangue da família. Outros dois irmãos mais novos de Erick por parte de pai trilham o mesmo caminho. Thiago é atacante profissional Ferroviário, enquanto Thaís joga na base do São Paulo.