Tragédia marca o Alianza Lima, rival do São Paulo, e Guerrero

Uma tragédia marca a história do Alianza Lima-PER, adversário do São Paulo nesta terça-feira (6) às 19h (de Brasília), pela quarta rodada da fase de grupos da CONMEBOL Libertadores. Lá se vão quase 40 anos, mas o desastre se conecta com a atual equipe peruana através de laços familiares e histórias de superação.

No dia 8 de dezembro de 1987, o time voltava do jogo contra o Deportivo Pucallpa-PER, o qual venceu por 1 a 0. O resultado deixou o clube da capital bem perto do título peruano daquele ano. Um dos seus destaques era o goleiro Jose Manuel Gonzalez, o Caíco, que na época estava com 33 anos. Jogador de um time só, ele acumulava 14 temporadas e mais de 500 jogos pelo Alianza, no qual conquistara três títulos nacionais – também estivera em todas as edições de Libertadores que o clube tinha participado até então.

Pela seleção peruana, Caíco disputou quatro edições da Copa América, inclusive a que o país ganhou, em 1975. Ficou fora da Copa do Mundo de 1978, o que o frustrou profundamente, mas por outro lado o livrou de participar da vergonhosa goleada sofrida para a Argentina. Anos mais tarde, o técnico brasileiro Tim o levou para o Mundial de 1982, na Espanha. Do alto de seus 1,90m, o goleiro era a imagem de segurança e liderança. Experiente, em 1987 vivia seu melhor momento técnico. Tinha sido titular na Copa América daquele mesmo ano e se destacou no empate com a Argentina de Maradona, campeã do mundo um ano antes.

De vez em quando, o goleiro levava seu sobrinho Paolo, ainda bebê, aos jogos do Alianza Lima. O menino era filho de sua irmã Petronilla, a “Doña Peta”, mas Caíco (que só teve filhas mulheres) o trava como seu; dizia que era o amuleto da sorte. Estavam sempre juntos.

Voltemos ao dia fatídico. O clube havia fretado um avião da Força Aérea Peruana para o retorno a Lima. Um avião da Marinha alugado para um time de futebol? Os erros começam aí. Isso obviamente era proibido. O avião, um Fokker-27, apresentava vários defeitos. Apesar deles, o piloto foi orientado a proceder com a decolagem. Além dos jogadores, havia dirigentes e torcedores a bordo. Há uma série de relatos sobre o que levou o avião a cair no mar, a cerca de 8 km do litoral, já bem perto de Lima. Até um filme foi produzido sobre o episódio, em que os cineastas levantam uma série de hipóteses polêmicas.

Com o impacto, o avião se partiu, e algumas pessoas conseguiram sair nadando à espera de resgate. Um deles foi Caíco. Alto, forte e bom nadador, o goleiro – mesmo ferido – ajudou a resgatar algumas pessoas da água e levar até pedaços da aeronave que ainda flutuavam. Entre os que foram salvos estava o piloto, que acabou sendo o único sobrevivente da tragédia – e quem contou a história. O avião caiu de madrugada, mas os barcos de resgate só chegaram ao amanhecer. O goleiro não resistiu. Seu ato de bravura, porém, o alçou à condição de herói eterno do clube.

O sobrinho tão querido acabou virando jogador de futebol. Por ironia, atacante. Fez a base no mesmo Alianza, clube que aprendeu a amar por causa do tio, que lhe vestiu a primeira camisa azul e branca. Paolo cresceu e ganhou o mundo. Vendido muito jovem ao Bayern de Munique, ele iniciou uma longa carreira que também lhe fez herói. Em 2012, marcou o gol do título mundial do Corinthians contra o Chelsea. Foi também o símbolo inicial do resgate do Flamengo, ao ser contratado em 2016. Liderou a seleção peruana, que voltou a disputar uma Copa do Mundo em 2018, depois de 38 anos (seu tio estivera na última). É hoje o terceiro maior artilheiro estrangeiro do Campeonato Brasileiro (56 gols) e detém o recorde de gols pela sua seleção.

A carreira de Paolo Guerrero teve seus problemas. Muitas lesões; um processo polêmico e dolorido de doping que o afastou dos gramados por mais de um ano; alguns fracassos esportivos. Mas o sobrinho que desenvolveu medo de avião após a morte do tio sempre guardou o sonho de voltar a vestir a camisa que o fez gostar de futebol. Talvez por isso não tenha se aposentado até hoje.

Em setembro do ano passado, aos 40 anos, o menino voltou para casa. No dia de sua apresentação, se emocionou quando sua foto ao lado do tio foi mostrada no telão. Caíco morreu quando Paolo tinha quase quatro anos, mas o marcou eternamente. É um segundo pai para o centroavante, que faz questão de exaltar o seu herói. Depois de anos sem conseguir sequer passar de fase na Libertadores, o Alianza Lima passou por três mata-matas nas preliminares. Eliminou até o poderoso Boca Juniors. Paolo ganhou, assim, a chance de devolver ao clube o amor que o tio Caíco o fez sentir pela bola. E de virar mais um herói ‘íntimo’.

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Série B, Sul-Americana e mais no Disney+

O duelo entre Alianza Lima e São Paulo não será o único no Disney+ nesta terça-feira (6). Todos os horários a seguir são do fuso de Brasília.

Ainda pela Libertadores, o Botafogo vai visitar o Carabobo, da Venezuela, também às 19h.

No mesmo horário, o Vitória vai receber o Defensa y Justicia, da Argentina, pela Sul-Americana. O Corinthians também entra em campo pela Sula: vai enfrentar, em casa, o América de Cali, da Colômbia.

Pela Série B do Brasileirão são dois jogos: CRB x Cuiabá, às 19h30, e Athletic x Vila Nova, às 21h30.

Os fãs de beisebol também poderão acompanhar o confronto entre San Diego Padres e New York Yankees, pela MLB, às 20h.

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