Como ‘cidade-fantasma’ pode mudar destino do Flamengo na Libertadores

O relógio sequer chegava às 16h e um silêncio sepulcral já se propagava pelas ruas no centro de Santiago del Estero. Quem desembarcava próximo dali, no norte da Argentina, se perguntava se era mesmo véspera de um confronto decisivo entre Flamengo e Central Córdoba, pela CONMEBOL Libertadores.

A cidade centenária orbita entre a simplicidade do interior e a imposição da modernidade. O que parecia um “toque de recolher” em plena luz do dia, no entanto, era apenas uma das tradições de um povo que, nesta quarta-feira (7), a partir das 21h30 (de Brasília), também quer ampliar sua história dentro dos gramados.

Atual campeão da Copa Argentina, o Central Córdoba é o principal clube da província de Santiago del Estero. Conhecida como “Madre de Ciudades”, em referência ao passado como origem das primeiras expedições espanholas no país, a cidade se recoloca no cenário internacional, mas não abre mão de suas raízes.

Se for caminhar nas ruas do centro entre as 13h e 17h, por exemplo, não se surpreenda ao se deparar com cadeiras vazias, repartições e comércio fechados e moradores reclusos em suas casas. O motivo é apenas um: é hora da “siesta”.

O descanso após o almoço é algo sagrado para o povo santiagueño. Diante de um calor na casa dos 30ºC, a população encontra na tradição uma forma de se proteger do Sol e manter a qualidade de vida.

Nas imediações da praça da Liberdade, na região central, Mariana Navarro é a responsável por um dos únicos restaurantes abertos durante a “siesta”. Ela conta que, apesar da tradição, as ruas não demoram a ser ocupadas novamente.

Com 270 mil habitantes, Santiago del Estero está localizada a 1.124 km de Buenos Aires. Não bastasse a distância com os grandes centros argentinos, a cidade ainda tem de lidar com mais de 40% da população abaixo da linha da pobreza e uma taxa de desemprego que chegou ao primeiro lugar do país segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC),

A situação, no entanto, não limita a vontade de viver de sua gente. A um quilômetro do restaurante de Mariana, jogadores da equipe de reservas e da base do Central Córdoba treinavam no estádio Alfredo Terrera, historicamente casa da equipe profissional até a adesão ao moderno Estádio Único Madre de Ciudades, com 30 mil lugares, à beira do rio Dulce.

Impacto rubro-negro

Com a chegada do Flamengo nas capas de jornais e na boca do povo, Bernardo Abruzzese não tem dúvidas de que a província viverá mais um momento histórico nesta noite.

“É uma coisa bonita, é o estreante na Libertadores. Mas vai além de ser uma festa, creio que Central Córdoba pode ganhar, já fez isso no Brasil e pode se classificar, quem sabe, até como primeiro do grupo”, projetou.

Já Ignácio Galvan Vittar tem a certeza de que a partida ficará guardada na memória da população.

“É algo histórico que uma equipe da magnitude do Flamengo venha a jogar uma Copa como a Libertadores, é um orgulho para a província, para o clube. Sem dúvida, é história pura e estamos profundamente emocionados e com ansiedade pelo jogo, admitiu.

Com quatro pontos, o Flamengo é apenas o 3º colocado do Grupo C, atrás justamente do Central Córdoba, líder com sete, e da LDU, com cinco. Uma nova derrota, como a sofrida para os argentinos no Maracanã, pode complicar ainda mais a chance de classificação às oitavas de final.

Próximos jogos do Flamengo:

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