Duas das camisas mais caras, pesadas e conhecidas do mundo, que costumam brigar “mano a mano” por títulos, reforços e, por que não, investidores. Todos sabem que a rivalidade entre Barcelona e Real Madrid ultrapassa os gramados e chega a outros assuntos – entre eles, dinheiro.
Adversários neste domingo (11), às 11h15 (de Brasília), em um clássico com transmissão ao vivo do Disney+ que pode até encaminhar o futuro campeão de LALIGA, Barça e Real estão entre os dois clubes mais ricos do planeta. O que não significa que não tenham dívidas. A questão é: qual o tamanho delas?
Não é preciso ser especialista em economia para ver que a situação do time catalão é bem mais preocupante, fruto de uma série de más gestões que causaram rombos financeiros quase irreparáveis e fizeram até mesmo Lionel Messi, estrela máxima do Barça, ser convidado a deixar o Camp Nou.
Balanço publicado em junho de 2024 aponta que o clube que encanta o mundo desde pelo menos meados dos anos 1990 deve o equivalente a 2,7 bilhões de euros, o que representa R$ 17,55 bilhões na cotação atual.
Há explicação para isso: o Barcelona está em processo de modernização do Camp Nou, estádio que deve ser reinaugurado, ainda que de maneira parcial, no segundo semestre de 2025. Só por isso, o clube assinou um plano de financiamento de 1,45 bilhão de euros (R$ 9,42 bilhões). A soma pode até aumentar com os juros impostos em contrato.
O restante da dívida, de pouco mais de 1,2 bilhão de euros (R$ 7,8 bilhões), é relacionada a empréstimos de curto e longo prazo com instituições financeiras e também dívidas intrinsicamente relacionadas ao futebol, como pagamento de contratações e acordos salariais com jogadores que estão ou já deixaram o clube.
Tais valores impressionam, sobretudo se comparados com o que eram há dez anos. Em 2015, segundo dados do Swiss Ramble, o Barça devia o equivalente a 55 milhões de euros, em uma situação econômica invejável para quem faturava muito mais que isso em patrocínios, premiações, ingressos e outros recursos.
A dívida passou a crescer a partir de 2019, quando saltou de 68 para 272 milhões de euros. Até que a pandemia de COVID-19 apareceu e tornou a situação blaugrana quase insustentável. Os débitos saltaram de 480 milhões de euros em 2020 para 841 milhões de euros apenas dois anos depois.
Eleito em meio à situação caótica, Joan Laporta passou a abrir mão de determinados direitos para tentar solucionar a crise. O Barça vendeu parte de seus direitos de LALIGA, até mesmo os televisivos, e foi forçado a se enquadrar na política salarial imposta pela Espanha. Hoje, conta com a reabertura do Camp Nou para seguir adiante.
O Real Madrid também vive processo semelhante em seu estádio, mas, se comparado ao Barcelona, pode se orgulhar de uma política financeira muito mais eficaz e que ajuda a explicar o sucesso do clube.
Pelas mãos de Florentino Pérez, o mesmo presidente que salvou o Real da insolvência em 2000 com a venda de propriedades pouco utilizadas, o Real divulgou, em julho de 2024, um relatório econômico que aponta uma dívida líquida de 8 milhões de euros.
O valor é irrisório e facilmente pagável pelos merengues, que gastam muito mais que isso para manter estrelas como Vinicius Jr., Kylian Mbappé, Jude Bellingham e tantos outros que compõem o elenco de Carlo Ancelotti. Mas também existem os gastos pela reforma do Santiago Bernabéu.
Pelo novo estádio, o Real Madrid tem um saldo pendente de 1,155 bilhão de euros (valor que será atualizado no próximo balanço financeiro, a ser divulgado em junho de 2025). Essa soma é exclusivamente do empréstimo feito pelo clube para cumprir com as obrigações de sua nova casa, que já oferece lucros com ingressos, compras em lojas oficiais e mais.
A amortização desses valores será feita de forma gradual nos próximos anos, o que não inviabiliza qualquer movimento econômico do Real Madrid no futebol. O time da capital da Espanha, por sinal, foi um dos que melhor conseguiu se adaptar ao período da pandemia.
É verdade que o Real sofreu cortes abruptos de faturamento, mas também entendeu que não precisava gastar rios de dinheiro em reforços para seguir competitivo. Tanto que, de 2020 a 2022, gastou um combinado de 110 milhões de euros, valor quase irrisório se comparado ao que equipes como Chelsea, Manchester City e até o próprio Barcelona torraram no mesmo período.
Maneiras diferentes de lidar com dinheiro e de controlar a vida financeira. Certo é que Barcelona e Real Madrid arrecadam muito, mas também não estão excluídos do mundo dos que devem dinheiro por aí (ainda que de jeitos novos).
Onde assistir ao El Clásico?
O El Clásico entre Barcelona e Real Madrid, pela 35ª rodada de LALIGA, tem transmissão ao vivo no Disney+, no domingo (11), às 11h15 (de Brasília).