Quando o assunto é Mundial de Clubes, impossível não lembrar do Flamengo de 1981. Em uma fórmula bem diferente da que estreia em 2025, o time formado por grandes estrelas e liderado por ninguém menos que Zico passou o tratou no Liverpool e levantou a taça no Japão após vencer por 3 a 0, gols de Nunes (dois) e Adílio.
Todos os gols daquele massacre no Estádio Nacional de Tóquio saíram no primeiro tempo, em uma das mais belas atuações de um time brasileiro na história que se explica bem antes de a bola rolar, como conta o grande camisa 10 da Gávea.
Convidado ilustre da primeira edição do “Papo de Mundial”, programa da ESPN que reúne histórias sobre o torneio interclubes, Zico lembrou que, em uma era muito anterior a análises táticas e vídeos com lances dos adversários, o Flamengo contou com um segredo para superar o então melhor time da Europa.
“O Liverpool era um timaço, tinha o Souness no meio-campo, o Dalglish era fora da curva, o Thompson, que foi muito tempo o zagueiro titular da seleção inglesa… Era um time que tinha que ser respeitado. A grande diferença é que nós conhecíamos o Liverpool. Tivemos a felicidade do Claudio Coutinho [técnico do Flamengo antes de Paulo César Carpegiani assumir] ter um grande assistente, que era o Jairo Santos”, contou o Galinho.
“Ele tinha tudo sobre o Liverpool. Mas tudo em revista, a gente não tinha vídeo para ver como jogava. A gente tinha fotos e a escalação, e isso o Carpegiani recebeu dele”, seguiu Zico, que também conhecia os adversários por enfrentar com a seleção brasileira, o que rendeu uma dica valiosa antes da final no Japão.
“Conversei com o Nunes a respeito disso: ‘Fique atento, que quando eles saírem, você vai receber a bola’. E, consequentemente, saíram dois gols dessa maneira. E lógico que o nosso time entrava com muita confiança em tudo que é jogo, sabendo que ia ganhar, sabendo que a gente tinha muito a produzir”.
Passeio em campo
O Flamengo entrou em campo naquele dia com o melhor que tinha: Raul; Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico. Escalação que até hoje é cantada até por quem não era nascido na época.
Se os ingleses não conheciam direito os brasileiros, demoraram pouco para entrar na roda. Quando desceram para o intervalo, já estava 3 a 0, placar que poderia ter sido ainda mais dilatado.
“Foi um primeiro tempo irrepreensível, que, com todas as dificuldades que a gente tinha, de horário, de campo, de temperatura, de estar num final de temporada, a gente se manteve firme no propósito de fazer um grande jogo”, lembrou Zico.
“Em nenhum momento a gente relaxou. No segundo tempo, o Liverpool ficou com medo de levar mais. Segurou um pouco lá, nós também: ‘se vier para cá, a gente vai voltar a atacar’. Foi realmente um primeiro tempo maravilhoso, como poucos na história dos Mundiais”, completou o eterno craque.
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E se o Flamengo de 1981 disputasse o atual modelo do Mundial?
Em 2025, o Mundial de Clubes ganhará um modelo completamente novo, com um formato parecido com o da Copa do Mundo, em que as equipes terão que passar por sete partidas para conquistarem o título.
Em um exercício hipotético, Zico imaginou como seria se o Flamengo de 1981 disputasse um torneio nesse modelo e não titubeou ao dizer o que o time precisaria para disputar o título.
“Tempo para trabalhar. Era um grupo altamente profissional, um grupo sério, de muito talento. Acho que a gente chegaria com o mesmo espírito lá. Agora, a gente não sabe como é que tudo pode funcionar. A possibilidade da gente vencer os adversários era grande e chegar lá e disputar o título, tudo bem. Final é final, tudo pode acontecer. Mas eu acho que aquele time estava totalmente pronto para disputar qualquer tipo de competição”, finalizou.
