Guia de Roland Garros: história, favoritos, premiação e o que você tem que saber

Nasce uma nova era em Roland Garros. Pela primeira vez em muitos e muitos anos, o Aberto da França começa com seu maior campeão (Rafael Nadal) aposentado e o último integrante do Big 3 ainda em atividade (Novak Djokovic) sob muitas dúvidas. Mas isso não significa que o segundo Grand Slam da temporada não terá estrelas de sobra para iluminar Paris.

No masculino, o atual campeão Carlos Alcaraz e o número um do mundo, Jannik Sinner, encabeçam a lista de candidatos ao título. No feminino, Aryna Sabalenka, líder do ranking, e Iga Swiatek, tricampeã consecutiva, são as principais tenistas confirmadas na Cidade-Luz.

(Conteúdo oferecido por Itaú, Mitsubishi, Seara, Ademicon, Engie e Philco)

Ao lado das principais estrelas do esporte, o Brasil também será representado no saibro que consagrou Gustavo Kuerten, tricampeão de Roland Garros em 1997, 2000 e 2001. João Fonseca e Beatriz Haddad Maia são os dois principais tenistas do país e prometem levar muita emoção aos fãs, que podem acompanhar todas as quadras com transmissão ao vivo no Disney+.

O Grand Slam da França abre a chave principal neste domingo (25) com uma homenagem a Nadal na Philippe-Chatrier, quadra principal do complexo. As finais estão previstas para os dias 7 e 8 de junho.

Prontos para 15 dias de muito tênis? A ESPN preparou um guia completo sobre Roland Garros para o torcedor já entrar no clima.

A história do torneio

A primeira edição do torneio aconteceu ainda no final do século XIX, quando, em 1891, o Championnat de France de Tennis (Campeonato da França de Tênis, em tradução livre) foi realizado exclusivamente para tenistas associados a clubes locais.

Essa primeira era do torneio, que ainda não se chamava Roland Garros, foi conhecido como Nacional e teve uma interrupção de cinco anos durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Em 1920, ele foi retomado e, em 1925, uma grande mudança ocorreu: o torneio passou a permitir tenistas associados a clubes estrangeiros, transformando-se no Internacional de Tênis da França.

Mesmo com a concorrência mais forte, os franceses Henri Cochet, René Lacoste, Jean Borotra e Jacques Brugnon somaram dez títulos até 1932 e ficaram conhecidos como os Quatro Mosqueteiros. Esse domínio dos anfitriões e o título da Copa Davis de 1927 motivaram a construção de um complexo para sediar o torneio, batizado de Roland Garros em homenagem a um pioneiro da aviação e herói de guerra francês, morto em combate em 1918.

A conquista da equipe francesa na Copa Davis também tem relação direta com o termo Grand Slam. O termo foi criado no início do século XX em alusão a uma jogada de baralho, em que o jogador ganhava todas as cartas possíveis, alcançando a pontuação máxima. Assim, alguns jornalistas começaram a fazer essa analogia para descrever a tentativa de um tenista vencer os quatro maiores torneios do mundo: Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open.

Após uma nova interrupção na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o Grand Slam francês foi retomado de vez em 1946 e permanece ininterrupto até hoje. A partir daí, as mudanças foram apenas estruturais.

O complexo passou pela primeira grande expansão em 1979, dobrando o número de cinco quadras iniciais. Atualmente, com novas reformas no final dos anos 1980 e 1990, são 20 quadras espalhadas em um terreno de 8,5 hectares a sudoeste de Paris. As duas quadras principais, Philippe-Chatrier e Suzanne Lenglen, ganharam um teto retrátil para permitir jogos mesmo durante a chuva, em 2020 e 2024, respectivamente.

Calendário

As chaves principais de simples, feminina e masculina, começam neste domingo (25), com a sessão diurna a partir das 6h (de Brasília). A sessão noturna, com o principal jogo do dia, está prevista para começar às 15h15, mas corre o risco de atrasar dependendo da programação anterior.

A primeira rodada terá três dias de duração. A partir de quarta-feira (28), cada fase será disputada em dois dias. A segunda semana do Grand Slam é basicamente reservada para a fase final: oitavas de final (1º e 2 de junho), quartas de final (3 e 4), semifinais (5 e 6) até chegar à grande final. As mulheres disputam o título no sábado, dia 7, enquanto os homens se enfrentam no domingo (8).

Ingressos

Qualquer fã de tênis deve sonhar em assistir ao vivo às grandes estrelas do esporte disputando partidas épicas em Roland Garros. Os ingressos são vendidos por sessão, localização na quadra e categoria, com quase um ano de antecedência.

Como era esperado, muitas sessões se esgotam rapidamente, inclusive as finais. Além disso, pelo próprio site de Roland Garros, é possível comprar pacotes que incluem hospedagem. O valor de um desses para duas pessoas, com uma diária em hotel 3 estrelas e ingressos para as duas semifinais masculinas, girava em torno de 3,3 mil euros, equivalente a R$ 20 mil.

Para o torneio de 2025, muitas já estão esgotadas, mas ainda há opções disponíveis no site oficial, como ingressos para 5 de junho, que dão acesso às quadras sem assento do complexo, por 30 euros (aproximadamente R$ 200). Essa entrada, no entanto, não permite acesso aos jogos nas três quadras principais.

Em sites de venda paralela, a sessão mais cara é a final masculina. Um assento para essa partida pode custar mais de 5,5 mil euros (mais de R$ 34 mil) em um dos melhores setores da quadra.

Favoritos

Na primeira edição de Roland Garros com Nadal somente nos camarotes da Philippe-Chatrier, outro tenista espanhol desponta como grande favorito no masculino: Carlos Alcaraz.

Apontado como o “sucessor” de Rafa, Carlitos é o atual campeão e chega embalado após derrotar Sinner na final do Masters 1000 de Roma.

Essa é a quarta participação do tenista de 22 anos, que já acumula também uma semifinal em 2023, quando foi derrotado por Novak Djokovic.

Alcaraz se tornou o quarto tenista na ATP a vencer todos os principais títulos de saibro do circuito: Monte Carlo, Madri, Roma e Roland Garros. Os outros três? “Apenas” Guga, Nadal e Djokovic.

Quem ameaça o favoritismo de Alcaraz é Sinner, que mostrou estar jogando muito bem após a suspensão polêmica de três meses por doping.

O italiano, número um do mundo, chegou até a semifinal de Roland Garros no ano passado e venceu três dos últimos cinco majors disputados. Os outros dois Grand Slams ficaram com ele, Carlos Alcaraz.

Esses dois jovens, de 22 e 25 anos, ainda formam os dois cabeças de chave de um Grand Slam desde o US Open de 2006, quando Roger Federer, aos 25 anos, e Nadal, aos 20, eram os principais favoritos.

Essa e outras estatísticas levaram Jim Courier, campeão de Roland Garros em 1992, a nomear Alcaraz e Sinner como “New Two” — os novos dois, em tradução livre — em alusão ao Big 3, composto por Federer, Nadal e Djokovic, que dominou o esporte nas últimas duas décadas.

Se os novos já assumiram o protagonismo, Djokovic vai para sua 20ª participação em busca do quarto título na terra batida, mas recheado de incertezas.

O sérvio de 37 anos sofreu eliminações logo na estreia do Masters 1000 de Monte Carlo e Madri, dois dos três principais torneios antes do Grand Slam. Após desistir de Roma por lesão, Djoko decidiu entrar de última hora no ATP 250 de Genebra para não chegar a Paris sem uma vitória sequer na gira de saibro, algo que não acontece desde 2006.

Além dos dois grandes favoritos e de Djokovic, que nunca pode ser descartado da lista de candidatos ao título, Casper Ruud e Holger Rune — que venceram títulos importantes na gira de saibro — aparecem como candidatos secundários. Alexander Zverev, atual vice-campeão, até ganhou um torneio no último mês, mas foi eliminado logo na estreia em Hamburgo nesta semana e chega a Paris com mais desconfiança do que motivos para acreditar em um primeiro título de Grand Slam do alemão.

No feminino, pela primeira vez nos últimos anos, Iga Swiatek não entra como favorita. Após vencer quatro das últimas cinco edições de Roland Garros, a tenista polonesa vem de uma fase complicada e sem levantar um troféu desde o Aberto da França do ano passado.

Quem, por outro lado, está atropelando é a número um do mundo, Aryna Sabalenka. A bielorrussa foi campeã em Madri e busca seu primeiro título de Grand Slam no saibro. Quem também chega embalada após essa gira é Jasmine Paolini, italiana que venceu em Roma e é a atual finalista de Roland Garros.

Outras tenistas que também são candidatas ao título em Paris são Coco Gauff, vice-campeã em 2022 e que acumula duas finais seguidas em Madri e Roma, e Jelena Ostapenko, que venceu recentemente Sabalanka e Iga na mesma campanha e conhece o caminho da glória em Paris, já que ela venceu o Grand Slam em 2018.

Brasileiros

João Fonseca, claro, puxa a fila dos tenistas do Brasil que disputarão Roland Garros. Número 65 do ranking, o principal nome do esporte no país estreia contra o polonês Hubert Hurkacz.

É a volta do carioca a um Grande Slam, após se destacar no Australian Open, em janeiro deste ano, na cidade de Melbourne. Fonseca vem de eliminações precoces em Estoril e Roma, logo nas estreias, e trata Roland Garros como uma maneira de subir no ranking da ATP.

O jovem brasileiro não está sozinho na chave principal masculina de simples. O experiente Thiago Monteiro conseguiu uma vaga no limite ao ficar em 93º do ranking quando a lista fechou, em abril. O tenista cearense de 30 anos vai para sua 7ª participação em Roland Garros e é justamente no saibro que viveu seus melhores momentos da carreira, como quando venceu o então top 10 Stefanos Tsitsipas no Masters 1000 de Madri e Gael Monfils, então top 50, em Roma no ano passado.

Quem também viveu em Paris o melhor desempenho em um major foi Beatriz Haddad Maia. A tenista número um do Brasil chegou até a semifinal do torneio em 2023, perdendo para a eventual campeã Iga Swiatek.

Bia vai para sua 5ª participação na chave principal em Roland Garros, desde que estreou, em 2017. A brasileira de 28 anos vive um momento delicado, após perder nove partidas seguidas de janeiro a maio. Nessa última semana, porém, ela reencontrou o caminho das vitórias e chegou até a semifinal do WTA 250 de Estrasburgo, também no saibro francês.

Nada como os ares e as boas lembranças de Paris para quem sabe concretizar essa reviravolta na temporada de Bia Haddad.

Os três são os únicos brasileiros nas chaves de simples, já que Felipe Meligeni, Laura Pigossi e Thiago Wild não furaram o qualificatório. Nas duplas, o Brasil conta com Luisa Stefani, jogando ao lado de Timea Babos, da Hungria; Bia Haddad com Laura Siegemund, da Alemanha; Rafael Matos com Marcelo Melo; Marcelo Demoliner com Daniil Medvedev, da Rússia; Orlando Luz com Ivan Dodig, da Croácia; e Fernando Romboli com John Patrick Smith, da Austrália.

Na segunda semana do Grand Slam, mais representantes do país vão entrar em ação em Paris nas chaves juvenis e de tênis em cadeira de rodas. Entre os garotos e garotas estão: João Pedro Bonini, Luis Guto Miguel, Nauhany Silva, Pedro Henrique Chabalgoity, Pietra Rivoli, Victor Winheski e Victoria Barros.

Entre os paratletas, Daniel Rodrigues, Luiz Calixto, Vitória Miranda e Ymanitu Silva têm presença assegurada.

Maiores campeões de Roland Garros

É quase impossível falar de Roland Garros sem pensar em Rafael Nadal. O espanhol, aposentado no ano passado, dominou o tênis no saibro nas últimas duas décadas e é o maior campeão isolado do Grand Slam, com 14 títulos. Atrás dele, aparecem Max Decugis, com oito conquistas na Era Amadora, e Bjorn Borg, com seis na Era Aberta.

Guga, com três títulos, ocupa a terceira colocação entre os maiores campeões da Era Aberta, empatado com Mats Wilander, Ivan Lendl e Novak Djokovic.

Inclusive, Djokovic (2016, 2021 e 2023), Alcaraz (2024) e Stan Wawrinka (2015) são os únicos homens em atividade que já venceram o Aberto da França. O domínio de Nadal foi tão grande que até Roger Federer, dono de 20 títulos de Grand Slam, foi campeão apenas uma vez em Paris.

Entre as mulheres, quem lidera essa estatística é a americana Chris Evert, com sete títulos, seguida por Suzanne Lenglen, com seis, ainda na Era Amadora, e a alemã Steffi Graf, também com meia dúzia.

Entre as tenistas em atividade, Iga Swiatek já desponta com quatro conquistas nos últimos cinco anos e é a única jogadora da WTA na chave principal que levantou o troféu mais de uma vez. Quem também já venceu o torneio e segue em atividade é Barbora Krejčíková (2021) e Ostapenko (2018).

Premiação

O prêmio financeiro dado aos tenistas que vão disputar Roland Garros esse ano vai chegar a um acumulado de 56,352 milhões de euros, algo em torno de R$ 360 milhões. Isso representa um aumento de mais de 5% em relação ao total de 2024.

Com valores iguais para homens e mulheres desde 2007, o Grand Slam francês pagará 2,55 milhões de euros (mais de R$ 16 milhões) aos campeões de simples.

Veja abaixo quanto cada tenista recebe por chegar até cada rodada no torneio na chave de simples.

  • 1ª rodada: 78 mil euros

  • 2ª rodada: 117 mil euros

  • 3ª rodada: 168 mil euros

  • Oitavas de final: 265 mil euros

  • Quartas: 440 mil euros

  • Semifinal: 690 mil euros

  • Final: 1,275 milhão de euros

  • Título: 2,550 milhões de euros.

Nas duplas, cada parceria, seja ela masculina ou feminina, vai receber:

  • 1ª rodada: 17,5 mil euros

  • 2ª rodada: 27,5 mil euros

  • Oitavas de final: 43,5 mil euros

  • Quartas: 80 mil euros

  • Semifinal: 148 mil euros

  • Final: 295 mil euros

  • Título: 590 mil euros.

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