A CBF terá um novo presidente neste domingo (25). Samir Xaud deve ser confirmado no cargo como candidato único em eleição e assumirá não apenas o comando do futebol brasileiro, mas também uma entidade de faturamento superior a R$ 1 bilhão por ano e com mais do dobro disso em caixa.
Mas afinal, de onde vem o dinheiro da CBF? A seleção brasileira, e seus patrocinadores, é central para as receitas, e um contrato especificamente ajuda a entender como a confederação conseguiu “engordar” seu caixa de R$ 1 bilhão ao final de 2023 para R$ 2,43 bilhões em dezembro de 2024.
O faturamento da CBF no último ano, segundo demonstrativo financeiro publicado no site oficial da entidade, foi de R$ 1,3 bilhão. A maior fonte de receita veio com “direitos de transmissão e comerciais”, que representou R$ 723,9 milhões, seguida dos patrocínios, com R$ 451,4 milhões.
Os quase R$ 724 milhões vêm, como explica o documento, dos “direitos comerciais e televisivos das partidas da seleção brasileira, assim como das competições promovidas pela CBF, principalmente Brasileiro Série A, Copa do Brasil, Brasileiro Série B, Brasileiro Série C, Brasileiro Série D, Brasileiro Feminino, Supercopa, Copa do Nordeste, categorias de base, entre outras competições.”
O salto dessa rubrica, de 2023 para 2024, foi de quase R$ 200 milhões, saindo de R$ 538,2 milhões no resultado anterior. Já nos patrocínios, que compreendem basicamente contratos da seleção brasileira, houve uma pequena redução, de R$ 527,9 milhões para os R$ 451,4 milhões mais recentes.
Vale lembrar que, nas receitas, são representados os valores que entraram nos cofres da entidade referentes apenas ao exercício em questão, ou seja, 2024. E é em um outro trecho do balanço que é possível entender o salto bilionário que fez a CBF ultrapassar os R$ 2 bilhões em economias.
É que, em novembro de 2024, a entidade assinou novo contrato com a Nike, que prevê pagamento antecipado de um bônus de R$ 920 milhões, “relacionado a direitos comerciais e obrigações contratuais com vigência no período de janeiro de 2027 a dezembro de 2038”, como explica o documento.
E não parou por aí. “No mesmo período, a CBF também recebeu o valor de R$ 435 milhões a título de antecipação contratual referente às temporadas de 2025 e 2026”, complementa. O contrato com a Nike, portanto, garantiu, sozinho, mais do que todas as receitas de 2023, por exemplo (R$ 1,35 bilhão contra R$ 1,1 bilhão). É a principal explicação para o salto grande no caixa da confederação.
O documento financeiro explica, inclusive, como fica investido esse dinheiro. “As aplicações financeiras da entidade estão alocadas em fundos de investimento de renda fixa, apresentando rentabilidades variáveis entre os produtos. Em 2024, o rendimento médio anual dessas aplicações foi de 12,11%.”
Além de direitos de transmissão, contratos comerciais e patrocínios, há outras linhas de receita no faturamento da CBF. Em bilheteria e premiações, obtidos basicamente em jogos da seleção brasileira, foram R$ 66,9 milhões em 2024; em repasses por registros e transferências, R$ 38,4 milhões; no programa de desenvolvimento da CBF, R$ 15,7 milhões; e com a CBF Academy, R$ 5,9 milhões.
Olhando para os últimos anos, a CBF nunca tinha arrecadado tanto dinheiro como no último exercício. A entidade cruzou a marca do bilhão pela primeira vez em 2022 e não caiu mais: de R$ 1,01 bilhão para R$ 1,17 bilhão em 2023 para R$ 1,3 bilhão em 2024. Antes dessas temporadas, o faturamento de 2021 havia sido de R$ 926 milhões e R$ 630 milhões em 2020 – nesses anos, o caixa também ainda não batia R$ 1 bi.
Nas despesas, a CBF também tem gasto bilionário, mas fechou todos os últimos anos no azul, ou seja, com mais dinheiro entrando do que saindo. O superávit de 2024 foi de R$ 106,6 milhões – R$ 238,4 milhões em 2023, R$ 143,4 milhões em 2022, R$ 68,9 milhões em 2021…
O maior custo no balanço aparece sob “Contribuição ao Fomento do Futebol nos Estados e Competições”, que consumiu R$ 734,1 milhões em 2024. É esse dinheiro que é repassado para federações estaduais e seus projetos e também auxilia na infraestrutura de competições.
No primeiro grupo, por exemplo, R$ 190 milhões foram destinados para “projetos de desenvolvimento, órgãos e departamentos de apoio” na explicação da CBF. No segundo, a Série A consome “apenas” R$ 11,6 milhões (já que os maiores gastos são absorvidos pelos próprios clubes), enquanto a Série B foi a competição mais “cara” para os cofres da entidade, com R$ 158,8 milhões.
A seleção brasileira, por sua vez, tendo disputado a Copa América em 2024 nos Estados Unidos, em logística assumida pela CBF, teve custo no último ano de R$ 201,1 milhões.