Ancelotti na seleção: o que brasileiros dizem sobre técnico antes da estreia

“Tentarei entregar um trabalho de nível máximo”. As palavras, até humildes por serem de quem é, saíram da boca de Carlo Ancelotti no primeiro dia como técnico da seleção brasileira, há pouco mais de uma semana. Um objetivo que foi alcançado por onde o italiano passou, desde o Reggiana, primeiro clube da carreira, em 1995, até os gigantes Milan, Chelsea, PSG e Real Madrid, de onde saiu como o técnico mais vezes campeão da história (15 títulos).

A vitoriosa carreira, que já rendeu 31 troféus, ganha um novo capítulo nesta quinta-feira (5). Carletto estreia no comando do Brasil contra o Equador, às 20h (de Brasília), pelas eliminatórias para a Copa do Mundo. Uma experiência imensa na carreira de qualquer profissional, mas que, indiretamente, Ancelotti vive há tempos. Afinal, 43 jogadores brasileiros passaram pelas suas mãos, dos menos renomados às maiores estrelas que o país produziu.

“Tenho boa memória, mas não vou lembrar todos, e me parece uma falta de respeito não citar, mas os melhores Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho, Pato, Kaká, Douglas Costa, Marcelo, Cafu, Dida, Roque [Júnior], Emerson, Amoroso. Isso sem falar dos últimos: Militão, Endrick, Rodrygo”, disse o novo treinador da equipe canarinho.

São tantos os brasileiros na vida de Ancelotti que nada mais justo ouvir alguns deles. A ESPN buscou depoimentos de sete brasileiros que foram dirigidos por Carletto na Europa e conheceram de perto o estilo que o italiano de 65 anos colocará agora a serviço da CBF.

David Luiz
Trabalhou com Ancelotti no Chelsea em 2011

“Ancelotti é um cara muito especial, vencedor em todo lugar que esteve. Ele que me levou do Benfica para o Chelsea. É um cara muito humano, que está sempre atento a todos os detalhes do dia a dia, não só profissional como pessoal. Desejo muita sorte, que ele consiga brilhar aqui como ele brilhou em toda a sua carreira. Que ele consiga dar para nós aquilo que a gente tanto está em busca, que é a Copa do Mundo. Desejo muita sorte, professor. Que Deus abençoe você e toda sua comissão, agora sendo um brasileiro como nós”, declarou o zagueiro do Fortaleza.

Kaká
Trabalhou com Ancelotti no Milan entre 2003 e 2009

“Ancelotti é, com certeza, um dos melhores treinadores que tive. Ele é o cara que me fez performar da melhor maneira possível. O que eu admiro muito dele é a capacidade de gerir pessoas”, elogiou o ex-meia, eleito melhor jogador do mundo em 2007.

Rivaldo
Trabalhou com Ancelotti no Milan entre 2002 e 2004

“Eu passei um momento difícil no Milan. Fiquei um ano e meio. Uma tristeza que tenho, não com ele, mas comigo mesmo, é não ter jogado a final contra a Juventus”, lamentou o ex-meia-atacante, contratado por Ancelotti após a Copa do Mundo de 2002 e antes de voltar ao Brasil para jogar no Cruzeiro.

Amoroso
Trabalhou com Ancelotti no Milan em 2006

“Falar do Ancelotti é fácil. Uma das maiores qualidades dele é preservar o talento do atleta. Ele consegue tirar o máximo a qualidade do atleta. Tem um carisma invejável. Dificilmente teve atrito com jogador. É uma oportunidade para ele mostrar para o mundo que tem capacidade de ser treinador de uma seleção. E não é qualquer seleção, né. É a seleção pentacampeã do mundo. A única coisa que ele pode ter dificuldade é o pouco tempo que vai ter com esses jogadores. Mas Ancelotti é malandro. Sabe lidar com pressão, com grandes clubes. Acho que não vai ter problema na seleção brasileira. Quando você tem um treinador brasileiro e jogadores que atuam mais no Brasil do que na Europa, é muito mais fácil para um treinador brasileiro. Agora, quando você tem a maioria dos atletas na Europa, para ele é um fator importante. Muitos ele já jogou contra ou já teve no seu time. O tempo vai dizer se foi ou não a melhor solução para a seleção brasileira. Acredito que pode ser um momento importante para o Brasil, até para a seleção adquirir o respeito que perdeu ao longo dos anos”, disse o ex-atacante, que passou seis meses sob o comando de Ancelotti em Milão.

Emerson
Trabalhou com Ancelotti no Milan entre 2007 e 2009

“Tive uma situação com ele. Fui contratado pelo Real Madrid, fizemos um torneio de pré-temporada e acabamos encontrando o Milan no mesmo hotel. Fui conversar com ele, me perguntou como eu estava no Real Madrid. Tinha mais dois, três anos de contrato na época, mas ele perguntou: ‘Não gostaria de voltar para a Itália?’. ‘Poxa, professor, se o senhor me levar, né…’, e ele falou ‘vou pedir a sua contratação, estou precisando de um outro cara para estar no meio-campo junto do Pirlo, Gattuso’. E realmente aconteceu. Quando cheguei no Milan, eu tive uma lesão na tíbia, e ele me apoiou muito. Teve um jogo que ele teve que me tirar no primeiro tempo e eu pedi desculpas para ele. ‘Professor, desculpa, eu não estou conseguindo jogar’. Ele me deu um abraço e falou ‘Fica bem tranquilo, cuida dessa perna, quando você estiver bem eu vou estar te esperando’. Ancelotti é esse tipo de cara, que entende o jogador, sabe com quem está tratando. Isso é muito importante para o jogador, saber que ele está em um ambiente onde o treinador valoriza as atitudes. Naquele momento ele entendeu a minha dor de não estar contribuindo por uma lesão, e o cara chega, em um momento complicado que o Milan estava, e diz ‘quando estiver 100% volta que eu vou precisar de você’. São detalhes que a gente não esquece”, contou o ex-volante.

Amaral
Trabalhou com Ancelotti no Parma entre 1996 e 1997

“Quando eu chegava, ele falava ‘Ciao, Ama’. ‘Ciao’ é ‘oi’, né? Eu falava: ‘nem cheguei, já está me mandando embora?’. Parma tinha um timaço… Ele esperava muita coisa minha que não era da minha parte fazer. Eu era um arroz com feijão. Ele queria que colocasse um bife, um strogonoff, uma lasanha…”, brincou o folclórico ex-volante, que atuou pouco sob comando do italiano.

Zé Maria
Trabalhou com Ancelotti no Parma entre 1996 e 1997

“Foi muito bom para minha carreira. Na minha posição, naquele período, dificilmente lateral gostava de defender. Tive que aprender a fase defensiva, a marcar, a fazer parte de uma linha defensiva. Ancelotti é uma pessoa ambiciosa, que gosta de ganhar”, falou o ex-jogador, que na época em que trabalhou com Ancelotti era reserva com Cafu.

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