Armando Monteiro, ex-Botafogo, teve passagem marcante no PSG

A história de jogadores brasileiros no PSG é extensa. Desde os anos 1970 até os dias atuais, eles deixam sua marca pelo clube francês. Muitos que se foram deixaram saudades, outros nem tanto, mas a relação continua firme e forte.

Um desses desbravadores do futebol em Paris, por sinal, tem laços com o Botafogo. Os times se enfrentam nesta quinta-feira às 22h de Brasília (18h de Los Angeles) no Rose Bowl pela segunda rodada do grupo B do Mundial de Clubes.

Nascido no Rio de Janeiro, Armando Monteiro foi um promissor atacante com passagens curtas por Flamengo e seleção brasileira (base), Fortaleza, Palmeiras e Botafogo. Paulo Cézar Caju, que viria a ser seu amigo já em terras francesas, o admirava pela desenvoltura nas peladas das praias cariocas.

Quando se via sem clube, ele tentou uma cartada ousada: viajar à Europa em busca de novos ares. O ponta chegou a Paris e tentou uma chance no recém-inaugurado PSG, então sob o comando do lendário Just Fontaine (maior artilheiro de uma edição de Copas do Mundo com 13 gols em 1958) e ainda na segunda divisão francesa.

No livro “Histoire Secrète du PSG” (A História Secreta do PSG), François-Xavier Cottin e Julien Mahieu contam como Armando Monteiro convenceu Fontaine a lhe dar uma chance.

“No final de um treino, o ex-goleador da seleção francesa vê um garoto tímido e esguio com cabelo longo e barba cheia se aproximando dele. Justo (apelido de Fontaine) parou para ouvi-lo: o jovem gaguejava um Francês hesitante. Ele disse que tinha 23 anos, seu nome é Armando Monteiro, e ele veio do Brasi, onde disse que tinha jogado pelos lendários Flamengo e Botafogo, assim como na seleção brasileira de juniores. E se ele fez uma viagem à França, sem a permissão do seu pai, um médico, é simplesmente porque queria jogar pelo PSG. E foi isso“, escreveram os autores.

“Eu o vi chegando um dia ao Camp des Loges (antigo CT do PSG), e ele me ofereceu seus serviços. Ele me disse que tinha jogado na seleção e no Flamengo na base, e eu pude ver que ele era muito bom com a bola”, contou o lendário francês em entrevista ao clube.

Just Fontaine “deixou de lado a aparência” do atrevido brasileiro e se convenceu de suas habilidade, oferecendo a Monteiro contrato de um ano, fazendo dele o segundo jogador canarinho a atuar pelo clube – o primeiro foi Joel Camargo.

O primeiro jogo do novo atacante foi em 27 de outubro de 1973 contra o FC Gueugnon. “Tecnicamente muito confortável e hábil com a cabeça (tinha 1,87m), muito elegante em campo, com peito ereto e cabeça sempre erguida, ele deixou uma impressão excelente e provou ser decisivo logo em sua estreia, marcando o gol do 2 a 0 aos 44 minutos (de cabeça) contribuindo para uma fácil vitória por 5 a 1″, conta o livro.

Descrito como “universalmente admirado, sempre sorrindo e positivo”, Armando Monteiro teve seu grande momento em um jogo emblemático para o Paris Saint-Germain: a primeira partida no Parque dos Príncipes. Em 10 de novembro de 1973, o PSG recebia o rival parisiense Red Star na luta pela promoção, e o brasileiro marcou outro gol de cabeça, ajudando na vitória por 3 a 1 para mais de 30 mil torcedores.

A passagem de Monteiro, porém, acabou sendo encurtada: o clube contratou dois jogadores estrangeiros (Mordechai Spiegler e François M’Pelé) e não poderia inscrever um terceiro. Sobrou para o brasileiro, que deixou Paris com nove jogos e quatro gols.

Depois, Armando Monteiro ainda jogou por alguns meses no AS Cannes antes de encerrar a carreira. Ele se dedicou à música, primeiramente com o duo Brasa Brasil e depois à frente do grupo A Samba, que fazia shows especialmente pelo litoral da França.

Armando Monteiro morreu em 2008, aos 58 anos, em Mougins, na região de Côte d’Azur. Até hoje, o PSG faz homenagens ao brasileiro em datas comemorativas. E a estreia no Parque dos Príncipes jamais será esquecida.