Imagine disputar seu primeiro torneio na elite do tênis justamente em Wimbledon, o Grand Slam mais antigo do mundo e que tem transmissão de todas as quadras no Disney+ Premium. Você é apenas o número 773 do ranking, mas recebe um convite para disputar o qualificatório por ser um tenista da casa. Depois de alguns dias, sonha em ganhar quase R$ 1 milhão.
Esse é o conto de fadas que Oliver Tarvet vive nesta semana no major de Londres, na Inglaterra. O tenista de 21 anos enfrenta o atual bicampeão Carlos Alcaraz nesta quarta-feira (2), por volta das 11h (de Brasília), no segundo jogo do dia da quadra central do All England Club.
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Tarvet cresceu próximo à capital inglesa, é grande torcedor do Liverpool e adorava jogar futebol, críquete e tênis. Na faculdade, mudou-se para os Estados Unidos para aprimorar essa última modalidade e também estudar na Universidade de San Diego, na Califórnia. Sua raquete, grande companheira de vida, cruzou o Oceano Atlântico com ele.
Vida esta que mudou drasticamente nos últimos dias, com as vitórias inesperadas nas quadras de grama de Wimbledon. Antes de entrar no quali, Tarvet já chamava atenção no circuito universitário americano, mas nunca tinha disputado um torneio da elite do tênis.
No fase preliminar de Wimbledon, o jovem britânico derrotou tenistas mais experientes e com ranking bem melhores do que o dele, como Terence Atmane, francês de 23 anos e 114º do ranking, e conseguiu um lugar na chave principal.
O que já era extraordinário, ficou ainda mais impressionante quando Tarvet superou Leandro Riedi, suíço de 23 anos, na 1ª rodada de chave principal, vencendo seu primeiro jogo na elite do tênis logo em um Grand Slam.
Embalado pela torcida em Wimbledon, Tarvet agora vai ter a oportunidade de enfrentar Alcaraz em uma das quadras mais prestigiadas do circuito. Além disso, com esse resultado provisório, ele já sobe pelo menos 300 posições no ranking da ATP e se garante dentro do top 350 do mundo.
Ao chegar na segunda rodada, o britânico também poderia embolsar uma premiação de quase 100 mil libras esterlinas, algo em torno de R$ 750 mil. Poderia.
Por disputar o circuito universitário americano de tênis (NCAA), Tarvet não pode receber uma premiação maior do que 10 mil dólares (equivalente a R$ 55 mil), em um ano-calendário. Ou seja, o britânico vai precisar abrir mão de parte da premiação para não perder sua elegibilidade para competir por sua faculdade nos Estados Unidos.
Tarvet chegou a questionar essa condição logo que furou a chave principal. “Eu trabalhei muito duro para ganhar esse dinheiro. Fui muito bem nessa semana, então mereço esse dinheiro”.
Porém, com o foco em Alcaraz e, quem sabe, prolongar sua semana dos sonhos em Wimbledon, Tarvet não quer se meter em polêmicas.
“Eu acredito que seria bom uma mudança nessas regras da NCAA, porém, ao mesmo tempo, eu não quero me envolver. Não estou em uma posição para isso”.
Essa regra do circuito universitário americano vale para todos os esportes e já fez com que outros tenistas devolvessem parte de sua premiação para poder continuar jogando – e estudando – nos Estados Unidos, como fez Maya Joint, australiana que chegou às oitavas de final do US Open no ano passado.
Joint, inclusive, integra uma ação protocolada por Reese Brantmeier, tenista americana, contra a NCAA por causa dessa regra.