Da rua aos sonhos no Flamengo e Premier League: a vida de Matheus França

De Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, para Londres. Com apenas 19 anos, Matheus França realizou o sonho de jogar na Europa e na Premier League, considerada por muitos a liga mais forte do mundo.

Mas quem disse que foi fácil, está muito enganado. Após um início promissor no Crystal Palace, clube que o comprou junto ao Flamengo no segundo semestre de 2023, o meia-atacante teve uma sequência de lesões, que o tiraram dos gramados por exatos 345 dias.

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Em março de 2024, a joia revelada no Ninho do Urubu machucou o adutor, e quando tudo parecia já superado, apareceram problemas musculares. Mas foi perseverando que o jogador conseguiu dar a volta por cima.

Tudo motivado pelo nascimento de Ravi, mais novo integrante da família, que veio ao mundo no fim de março, poucos dias depois de Matheus voltar a ser relacionado para um jogo do Palace.

“No início foi bem difícil, uma série de pensamentos, talvez um pouco negativos, mas o que mais me motivou de tudo, além dos jogadores, da família, foi saber que o meu filho estava por vir. Ele é a minha fonte de inspiração e só de ele estar na barriga (da minha mulher), de eu ver a barriga crescendo, aquilo ali me motivava a cada dia e me dava forças de ir treinar e buscar aquilo que eu precisava fazer”, disse em entrevista à ESPN.

E nada como a sensação de ser pai para destravar novas experiências no dia a dia. Entre elas, ter as noites de sono encurtadas. Mas nada que seja impossível para o “papai” Matheus França.

“É difícil esse início de ser pai, mas nada que seja impossível para a gente. É uma mudança muito boa, a sensação de ser pai é maravilhosa. Talvez um pouquinho de choro, não dormir muito mais como antes, mas é sensacional (risos)”, brincou.

Na volta aos gramados, Matheus já teve a oportunidade de homenagear Ravi. E no dia seguinte ao seu aniversário de 21 anos, quando anotou o gol de empate diante do Southampton, em duelo pela 30ª rodada do Inglês. Também o seu primeiro desde a ida para a Inglaterra.

“Quando eu voltei a jogar, a primeira coisa que eu pensava era de fazer um gol para o meu filho. Poder fazer aquela comemoração tradicional, botando a bola na barriga, fiquei mentalizando isso, que eu iria fazer um gol para o meu filho. Quando eu fiz o gol foi muito rápido, o pensamento já veio na minha cabeça, já saí correndo para pegar a bola, botar na barriga e fazer a comemoração para o meu filho”.

“Muito feliz por esse momento que estou vivendo, pelo nascimento do meu filho, teve o meu aniversário e agora o meu primeiro gol na Premier League. Só tenho a agradecer a Deus. Esse turbilhão de emoções é muito bom para mim”.

‘Foi o meu melhor psicólogo’

Além de Ravi, foi movido pela fé que o jovem jogador buscou ajuda nos tempos difíceis, auxiliando Matheus também na questão psicológica.

“A minha ajuda psicológica nesse momento foi Deus. Eu já fiz terapia e essas coisas, mas no momento não foi o que eu precisei. Foi muito difícil, mas Deus foi o meu terapeuta nesse momento. Mesmo machucado nunca deixei de louvar a Deus por tudo o que ele tem feito na minha vida, que foram só bênçãos”.

E Matheus também já se sente preparado para mostrar a sua melhor versão, como a apresentada no Flamengo, onde foi campeão da CONMEBOL Libertadores e Copa do Brasil sob o comando de Dorival Júnior em 2022.

“Estou me sentindo bem fisicamente, mentalmente, estou evoluindo a cada dia nos treinamentos e espero estar jogando mais minutos e poder mostrar o Matheus França que jogou no Flamengo. Poder mostrar aqui para eles também quem é o Matheus França”.

‘No início foi um pouco difícil’

Deixar o Brasil rumo ao um país com língua e cultura diferentes nem sempre é fácil. E com Matheus França não foi diferente.

A adaptação foi difícil na chegada ao Reino Unido. Mas aos poucos, com a ajuda da família e também dos amigos, esse obstáculo foi superado. Inclusive, com churrasco.

“No início foi um pouco difícil a adaptação aqui em Londres, mas nessa temporada já estou bem adaptado. Já tenho bastante amigo aqui, geralmente saio com a minha esposa, vou jantar, vamos em alguns lugares”, disse.

“Tenho alguns amigos que vêm aqui em casa, visitam a gente, a gente faz algumas brincadeiras legais, de vez em quando até um churrasquinho para matar a saudade do Brasil (risos). Sem dúvidas é um suporte, um apoio primordial para desempenhar bem no campo”.

Matheus também falou sobre as suas origens em “Big Field”, apelido carinhoso de Campo Grande entre os cariocas. E tudo começou, literalmente, na rua, onde passava boa parte do tempo jogando bola.

Até que um belo dia a joia foi descoberta. E quando ele menos esperava, recebeu um convite para treinar em uma escolinha de futebol, que abriu portas para as passagens pelo Olaria e, posteriormente, Flamengo.

No Rubro-Negro, Matheus foi destaque absoluto na base, sobretudo no sub-17, onde empilhou taças, incluindo a do Brasileirão e Copa do Brasil da categoria.

“O Matheus França sempre foi um cara divertido, brincalhão desde criança. Sou de Campo Grande, fui criado com os meus amigos dentro de um condomínio, mas a rua era como se fosse a minha casa. Gostava de ficar jogando bola na rua, e foi ali que fui descoberto”, disse.

“Um cara do condomínio que eu não conhecia passou, me viu jogando bola com um amigo na rua e me chamou para jogar em um escolinha. Fui desenvolvendo, jogando bem, fui parar no Olaria, depois fui jogar no Flamengo e aí toda a história que pude fazer na base do Flamengo foi muito boa e importante para me tornar o atleta profissional que sou hoje”, prosseguiu.

“Se alguém quisesse me agradar no meu aniversário, era só me dar uma bola de presente que eu já ficava muito feliz, adorava ganhar bola de presente. Sempre amei jogar futebol, desde criança. A minha paixão era jogar e brincar de futebol”.

‘Eu sou o Matheus França’

E assim como muitos jovens que sonham em um dia se tornarem profissionais, Matheus teve Ronaldinho Gaúcho como espelho.

“Eu assistia muitos lances do Ronaldinho Gaúcho. Sempre foi um ídolo para mim quando criança. Depois mais velho comecei a acompanhar mais outros jogadores. Mas quando criança, o Ronaldinho sempre foi meu ídolo, sempre tentava me inspirar nas jogadas dele”.

Hoje, as suas novas referências vão desde Rodrygo a Vinicius Jr., ambos do Real Madrid. E até mesmo antes dos jogos o meia-atacante acostuma acompanhar os lances da dupla e de outros jogadores.

“Assisto muitos vídeos de jogadores brasileiros, como o Vini Jr., Neymar, esses caras que estão no top do Brasil, o pessoal da seleção, como o Rodrygo. Acompanho muito, vejo os melhores momentos, até mesmo antes dos jogos fico vendo vídeos deles para me inspirar e poder jogar bem”.

Mas se tem uma coisa que não falta a Matheus França é personalidade. E mesmo depois de ter sido comparado no início da carreira a grandes nomes do futebol como o próprio Vini Jr. e até mesmo Cristiano Ronaldo, a joia brasileira quer ser reconhecida pelo nome que carrega.

“É bom, mas também não gosto desse tipo de comparação. Sou o Matheus França e quero ser tratado e falado como Matheus França, não como outros jogadores. Se eu puder chegar perto desses jogadores que já me compararam, óbvio que vai ser muito bom para mim, mas eu sou o Matheus França e não sou nenhum desses outros jogadores”.

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Ex-Flamengo, Matheus França revela que foi descoberto jogando bola na rua com os amigos e inspiração em Ronaldinho: ‘Ídolo’

Jogador concedeu entrevista exclusiva ao ESPN.com.br

E neste sábado (12), contra o Manchester City, no Etihad Stadium, em duelo com transmissão ao vivo no Disney+ Premium, a partir das 8h30 (de Brasília), o brasileiro terá a chance de reencontrar o time que rendeu um dos seus melhores momentos até agora na Premier League.

Também foi contra os Citizens, em Manchester, que Matheus França entrou em campo no empate por 2 a 2 contra a equipe, na temporada passada. E aplicou um drible no lateral Kyle Walker, que hoje já nem está mais no clube, atuando pelo Milan.

“O jogo contra o Manchester City na temporada passada foi um jogo bom, entrei no segundo tempo e pude fazer algumas jogadas importantes para poder buscar um empate fora de casa. A jogada contra o Walker foi uma jogada que geralmente eu costumo fazer”, disse.

“O Walker é um excelente jogador, por eu ter passado por ele rápido e com um pouco de facilidade, todo mundo teve um pouco de espanto. É um tipo de jogada normal que eu costumo fazer, ir para cima, sem medo. Não teve mais (drible) contra nenhuma outra estrela, não (risos)”, finalizou.

Onde assistir a Manchester City x Crystal Palace?

O duelo entre Manchester City e Crystal Palace, pela Premier League, tem transmissão ao vivo no Disney+ Premium, neste sábado (12), às 8h30 (de Brasília).

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