Com mais de mil gols na carreira – ao menos em sua contagem – Túlio Maravilha fez história no futebol brasileiro e, principalmente, goiano, sendo, por diversas vezes, personagem principal de uma rivalidade que se estende há décadas entre Goiás e Vila Nova.
Revelado no Esmeraldino, o ex-atacante tornou-se ídolo do arquirrival e agora assiste ao vivo no Disney+ ao dérbi do Cerrado desta quinta-feira, pela 3ª rodada da Série B do Brasileirão. A bola rola às 19h (de Brasília), no estádio da Serrinha.
Nascido em uma família vilanovense, Túlio tinha tudo para iniciar sua trajetória no futebol no time colorado. No entanto, por ”ironia do destino”, foi aprovado em uma peneira do Goiás, onde, aos 8 anos, deu seus primeiros passos no mundo da bola e chegou até os profissionais entre 1988 e1992.
Com a camisa esmeraldina, o ”Maravilha” foi tricampeão goiano e guardou nada menos que 77 gols. Um deles, aliás, apelidado por ele mesmo como ”gol melancia”. Explica-se: verde por fora e vermelho por dentro.
”Como eu gostava de batizar uns gols naquela época, aí eu fiz essa brincadeira que muita gente levou para o lado positivo, que era uma marca irreverente minha, e outros se sentiram ofendidos. O porquê do gol melancia, que era verde por fora, mas que na verdade a família torcia para o Vila Nova. Depois eu me tornei torcedor daquela equipe que eu jogava. E tanto é que hoje me perguntam: ‘Você é Vila Nova ou Goiás?’ “Eu sou Botafogo”, brincou o ex-jogador em entrevista exclusiva à ESPN.
Foi também no Goiás que Túlio Maravilha, antes meia-armador, encontrou a posição que lhe rendeu tanto sucesso: a de centroavante. O curioso, porém, é que essa mudança aconteceu de repente.
”Quando eu comecei na base do Goiás eu era meia-armador, aquele famoso número 8. Depois eles viram que eu tinha um ‘cacoete’ de atacante, porque às vezes eu fazia mais gol que o próprio centroavante. Me colocaram de meia ponta de lança, famoso número 10. E aí viu que mais adiantado, perto da área, eu fazia mais gols. Teve um dia que o centroavante lá do meu time faltou. E aí um treinador falou: ‘Você quer quebrar um galho? Você gosta de fazer gol? Vai de atacante hoje”’, recordou.
”Aí pronto, eu comecei a fazer gols e a partir dali não saí mais. Eu gostei da posição, porque corria menos. Eu já não gostava de correr tanto no meio de campo, não tinha aquele fôlego. A partir do momento que eu comecei a jogar mais dentro da área, comecei a fazer gol, e fui artilheiro em todas as categorias de base do Goiás. Para ir para o profissional foi apenas um pulo. Então foi dessa maneira que eu me tornei um centroavante raiz”, completou.
O dérbi que dividiu a família Maravilha
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Túlio Maravilha lembra de clássico entre Goiás e Vila Nova que enfrentou o irmão gêmeo: ‘Meu pai saiu satisfeito’
Em entrevista exclusiva à ESPN, Túlio Maravilha contou detalhes como clássico goiano que mexeu com a sua família
Túlio Maravilha disputou alguns clássicos entre Goiás e Vila Nova, mas um deles ficou marcado de forma especial em sua vida.
Pelo Campeonato Goiano de 1991, o centroavante, então no Esmeraldino, jogou contra seu irmão gêmeo, Télvio, então lateral-direito do Colorado, no Serra Dourada.
O ex-Botafogo até anotou o seu, mas a partida acabou empatada em 1 a 1, para alegria de seu pai…
”Quem saiu satisfeito foi o meu pai porque saiu um empate, ninguém perdeu e nem ganhou e um dos filhos dele acabou fazendo gol. A família Maravilha naquela época saiu satisfeita”, contou o ”Maravilha”.
O detalhe é que, mesmo tendo balançado as redes contra seu próprio irmão, Túlio não deixou de comemorar.
”Eu sempre comemorei meus gols, independentemente de ter jogado no Goiás, Vila ou Botafogo. Todos os clubes que passei, eu sempre comemorei meus gols porque é tão difícil fazer um gol. Se eu fizesse todos os gols pelos clubes que eu passei e não comemorasse ficaria sem graça, porque eu ia fazer gol toda hora”, brincou.
Quem é o favorito agora?
Na história do clássico, Goiás e Vila Nova se enfrentaram 79 vezes. Dessas, o Verdão venceu 35, perdeu 22 e empatou outras 22. Só que nos últimos 10 duelos entre as duas equipes, o Tigre só saiu derrotado para o Esmeraldino em uma única oportunidade.
Ao ser questionado se há um favorito para o clássico desta quinta, Túlio não titubeou e fez questão de explicar sua escolha.
”De uns anos para cá, o Vila Nova tem se dado melhor em cima do Goiás nessa rivalidade. O Goiás passou por vários problemas de administração, gestão esportiva, trocas de treinadores, mudanças de vários jogadores. O Goiás contratou muitos jogadores e jogadores que não corresponderam à expectativa e, com isso, teve uma dificuldade de entrosamento. Já o Vila não”, disse.
”O Vila, por estar jogando muito tempo na Série B, já tem uma base formada, um espírito, sabe jogar essa Série B, diferentemente do Goiás, que há alguns anos que está participando e do próprio Atlético-PR. É um clássico, tudo pode acontecer, mas, pela retrospectiva, o Vila Nova leva uma ligeira vantagem por estar mais acostumado a disputar essa competição”, justificou.
‘O meu sonho é que três goianos disputem a Série A’
Pela primeira vez desde 2018, o futebol goiano não tem um representante na Série A do Campeonato Brasileiro.
Isso porque o Atlético-GO foi rebaixado para a Série B, enquanto Goiás e Vila Nova não conseguiram o acesso em 2024.
Personagem do futebol de Goiás, Túlio Maravilha ainda mantém um sonho vivo, nem que para isso tenha que deixar a rivalidade de lado.
”O meu grande sonho era que os três pudessem disputar a Série A. Já tivemos quatro clubes da Santa Catarina na primeira divisão, do Sul e do Nordeste. Esse ano tem uma invasão de clubes nordestinos na Série A. Então, acho que poderia, quem sabe, um ano que esses três clubes da capital pudessem disputar a Série A do Brasileirão. Seria um fato inédito na história do futebol goiano”, finalizou.