Parece até outro Antony. Das críticas pesadas e até zoações dos tempos de Manchester United para a grande fase no Betis, a ponto de companheiros sugerirem até uma vaquinha para comprá-lo em definitivo. O atacante deu mesmo a volta por cima e contou como, em entrevista exclusiva à ESPN.
O ponta revelado no São Paulo foi um dos reforços mais caros da história do United e integrou a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2022, mas depois viu quase tudo se perder com as acusações de agressão a ex-namorada, em 2023. Após meses de investigações, a Polícia Civil de São Paulo encerrou o inquérito sem indiciá-lo.
“Foi um momento difícil. Afeta. Não só a mim, mas a toda minha família. É muito difícil você ser acusado de uma coisa e por muito tempo ficar calado e acabar prejudicando minha vida pessoal, na minha vida profissional também”, admitiu Antony, que chegou a ser afastado do Manchester United em meio ao processo, além de perder espaço na seleção.
“Muita coisa colocada em risco por uma coisa que não é verdade. Sou muito grato a Deus, primeiramente, por ser justo. Muito grato a minha família, por esse momento todo passar ao meu lado. Então são coisas que já passaram, agora é estar focado, feliz com minha família, com minha mulher e meus filhos que é o mais importante pra mim”.
A recuperação não foi possível em Old Trafford. Em meio aos imensos problemas pessoais, Antony teve dificuldade para desempenhar em campo. Fez apenas três gols na temporada passada inteira e teve que procurar um novo caminho. Foi quando apareceu o Betis.
“Fico muito feliz por ter me adaptado tão rápido, mas desde quando eu estava na Inglaterra eu me preparava muito. Fazia muitos treinamentos extras e o principal, trabalhando minha mente. Fico muito feliz de poder ter esse impacto positivo aqui na Espanha com o Betis. Acho que o fator principal disso é estar preparado, e eu estava muito. Estava com muita vontade de um novo desafio pra mim”, respondeu o atacante.
O impacto no time alviverde de Sevilla foi instantâneo. Em 16 jogos, são quatro gols e cinco assistências, que apenas lhe dão razão: o problema não era falta de futebol, mas sim fatores que vão além dos gramados.
“Eu reencontrei [o caminho como jogador], não vou mentir. Ter isso de volta pra mim é muito importante. Não desaprendi a jogar futebol. Foram momentos da minha vida que passei que, querendo ou não, afetam. Se falar que não é mentira, porque afetam sim, mas eu não desaprendi a jogar futebol. E isso é só eu comigo mesmo, por isso falo que o mais importante foi me encontrar comigo, estar feliz e desfrutar do meu futebol”.
O brasileiro garante não ter ficado com mágoa do que viveu em Manchester, clube que o ajudou a se estabelecer na seleção brasileira.
“Tive momentos bons, de conquistar dois títulos, e tive momentos difíceis também. Mas acho que, tirando um pouco da vida futebolística, a vida pessoal me atrapalhou bastante. Por coisas que eu passei, por momentos que vivi ali. Querendo ou não, me afetou muito. Então, claro, eu sei o potencial que tenho. Não foi à toa que fui para uma Copa do Mundo, não foi à toa que fui vendido para o United por um dinheiro alto, e eu sei do meu valor. As pessoas olham o momento, mas não olham o contexto geral, o que acontece para surgir as coisas”.
Tais ensinamentos servem de lição para Antony, que espera manter a boa fase para, quem sabe, convencer o clube a abrir os cofres para contratá-lo. Isco, estrela do Betis, já brincou sobre a possibilidade de ajudar na busca por dinheiro para contratar o companheiro.
“A gente deu risada. O Isco é um grande jogador, um craque, pra mim está sendo um prazer enorme jogar com ele, venho aprendendo muito. Meu objetivo sempre foi vir aqui para ajudar, e fico muito feliz de estar dando esse resultado, poder ajudar o clube. Acho que é cedo, sim, para falar. No futuro não sei o que pode acontecer. Estou feliz aqui, sim, mas vamos ver o que vai acontecer”.
Os tempos são realmente outros.