Talvez você não consiga imaginar Pep Guardiola pulando Carnaval ao lado de Neymar no Brasil. Mas, acredite, isso é uma das muitas coisas que passam pela cabeça do técnico do Manchester City, como ele confidenciou em entrevista exclusiva à ESPN, em mais uma temporada de “Encontros Premier League”.
Em uma temporada difícil no comando dos Citizens, distante da briga pelo título inglês e eliminado precocemente da Champions League, Guardiola recebeu o pentacampeão Gilberto Silva e foi bastante sincero sobre o que pensa sobre o futuro – abrindo, por exemplo, que vai “parar” após o City.
Não foi o único, inclusive, a abrir o coração ao ex-jogador brasileiro. A temporada de “Encontros Premier League”, que estreia com todos episódios disponíveis no Disney+ a partir deste sábado (3), também tem Arne Slot, técnico campeão do Liverpool; Matheus Cunha, artilheiro do Wolverhampton; Joelinton, que venceu a Copa da Liga Inglesa com o Newcastle; e João Pedro, que lidera o bom ano do Brighton.
O episódio com Guardiola é compartilhado com Slot, em um mergulho na cabeça dos dois treinadores que agora sabem o que é vencer a Premier League. Agora, se o holandês ainda começa a escrever sua história com os Reds, o espanhol sabe que já vive reta final de seu ciclo em Manchester, com contrato renovado até 2027, em uma trajetória que completará 10 anos, com nada menos do que 18 taças.
‘Depois do meu contrato com o City, vou parar’
O desgaste é natural após tanto tempo, algo que faz com que Guardiola tenha convicção de que seu próximo passo após o City, seja quando for, será dar uma pausa – que pode ser definitiva – na carreira. Uma reflexão que vem após o técnico ser perguntado sobre a maneira que quer ser lembrado…
“Quero que se lembrem como quiserem. Depois do meu contrato com o City vou parar. Tenho certeza. Não sei se vou me aposentar, mas vou dar uma pausa. Como quero ser lembrado, não sei”, disse.
“Todos nós treinadores queremos ganhar para poder ter um trabalho memorável, mas acredito que os torcedores do Barcelona, Bayern de Munique e City tenham se divertido vendo minhas equipes jogarem. Acho que nunca devemos viver pensando se vamos ser lembrados”, continua.
“Quando morremos, sua família chora por dois, três dias e tchau, está esquecido. Na trajetória dos treinadores, temos bons e ruins, o importante é que os bons fiquem lembrados por mais tempo. Te digo que o mais importante não é o que pensam de você, já que passamos muito bem pela vida como jogador. Há novos desafios como treinador, não sei o que vai acontecer no futuro, isso não importa”.
Com a mesma franqueza, Guardiola não esconde a decepção com a atual temporada do City e assume a responsabilidade por isso – e, claro, toma lições diante das dificuldades. “Foi um ano de muito aprendizado. Não há apenas uma razão para este ano ter sido difícil, há muitos detalhes, de tomadas de decisões erradas de minha parte. Tem sido um ano de muito aprendizado para mim, pessoalmente”.
“As pessoas pensam que aprendemos mais nas derrotas do que nas vitórias, mas eu também acho que aprendo nas vitórias. Sabia que haveria algum momento que cairíamos, mas caímos muito. Não esperávamos estar tão longe (do Liverpool), mas não podemos ganhar todas. O que fizemos durante 10, nove anos foi excepcional, mas temos que aprender para buscar entender o que precisamos no futuro”.
‘Falamos muito do Santos de Pelé, eram como os Beatles daquela época’
Além de um dos maiores técnicos da história do futebol, Guardiola também tem uma ligação com o futebol brasileiro. Jogou ao lado de nomes como Ronaldo e Romário no Barcelona, comandou de Daniel Alves a Fernandinho, além de ter um tido um nome do país como influência no início de carreira.
Trata-se de Pepe, lendário companheiro de Pelé no Santos, que trabalhou com Guardiola, na reta final da carreira como jogador, no Al Ahli, do Qatar. “Foi um prazer estar com ele e seu filho. Falamos muito do Santos de Pelé, a quantidade de partidas que jogavam, as viagens. Eles eram como os Beatles daquela época. Pepe é uma pessoa extraordinária, muito simples, uma pessoa muito humana”, lembra.
“Tenho uma influência grande com um jogador brasileiro no Barcelona, desde antes de Ronaldo Nazário, com Rivaldo, Giovanni. Acredito que Barcelona tem uma conexão muito forte com o Brasil, talvez pelo clima, pela música. Tenho grande admiração pelos brasileiros, tenho aqui o Savinho, Ederson, que vivemos uma década incrível. Tenho muita admiração pelo Brasil, apesar de só ter ido uma vez”.
Vontade, contudo, não falta para Guardiola fazer novas visitas ao Brasil – sem entrar, por ora, nos “flertes” que já teve para assumir a seleção brasileira. O que ele aguarda mesmo no momento é um convite de Neymar, não para trabalhar, mas sim curtir alguns dias de Carnaval.
“Me lembrei do Fernandinho, que foi meu capitão por muitos anos. Sempre perguntava quando eu iria para o Brasil e espero um dia poder conhecer o Carnaval e muitas outras coisas do Brasil. Acredito que durante o Carnaval vou encontrar o Neymar, espero que ele me convide para ir”, brincou.