Não é todo o dia que se tem a companhia de Lionel Messi, Andrés Iniesta, Luis Suárez e outras estrelas em treinos ou jogos. O ex-volante Paulinho é um dos “sortudos” que pode dizer que vivenciou essa experiência na carreira.
Na semana do El Clásico decisivo entre Barcelona e Real Madrid em LALIGA, no próximo domingo (11), com transmissão ao vivo no Disney+ a partir das 11h15 (de Brasília), o ex-jogador concedeu entrevista exclusiva ao ESPN.com.br e lembrou do período em que vestiu a camisa blaugrana, na temporada 2017/18.
Depois de se aposentar pelo Corinthians em 2024, Paulinho seguiu no futebol, mas agora como coordenador técnico do Mirassol na Série A. O brasileiro lembra com carinho da época no Barça, onde ficou pouco, mas a tempo de conquistar uma Copa do Rei e ainda o Campeonato Espanhol, onde, inclusive, não perdeu para o Real.
Peça indispensável de Tite na seleção brasileira durante o ciclo da Copa do Mundo de 2018 na Rússia, o volante vivia grande momento no Guangzhou, na China, e despertou o interesse do Barcelona, em uma negociação com vários acontecimentos nos bastidores que não saem da memória.
Primeiro, Messi, principal estrela do clube catalão, convidou Paulinho para jogar no Barcelona, durante um amistoso do Brasil contra a Argentina, na Austrália. Neymar colaborou na negociação, que ainda teve uma “visão” da mulher do volante. Uma conversa com o técnico Luiz Felipe Scolari também facilitou para que ele pudesse deixar a China.
“Foram várias situações. O convite do Messi em um amistoso (contra a Argentina) que aconteceu na Austrália, onde nós perdemos de 1 a 0. Em uma falta que aconteceu a nosso favor, ele se aproximou e fez o convite para que eu pudesse jogar no Barcelona com ele. Naquele momento eu ainda não entendia muitas coisas em espanhol. Mas depois, com um pouquinho mais de calma, ele fez o convite para que eu pudesse ir para o Barcelona”, disse.
“Obviamente que o Neymar foi um cara que ajudou muito para que pudesse acontecer essa transferência. E a questão da minha esposa, teve uma partida no Guangzhou, tivemos um jogo fora, ela falou que eu ia fazer gol fazer, ia ser convocado para a seleção brasileira, e que o Barcelona pagaria a multa para que eu pudesse ser transferido. Foi dessa forma que ela falou que aconteceu tudo isso”, prosseguiu, citando a multa de 40 milhões de euros (R$ 148,5 milhões à época).
“Na época eu era um atleta muito importante para o processo do Felipão e do Guangzhou Evergrande, então você acaba perdendo uma peça que é referência tanto no clube quanto no país. Foi uma conversa que no final de tudo ele entendeu que era o meu sonho jogar uma Champions League, com os melhores jogadores do mundo”.
“Estava muito feliz na China, adaptado, a família adaptada. O início da conversa com o Felipão foi bem difícil, foram algumas horas de muitas emoções, de choro, de sorriso, mas que no final da reunião ele entendeu e pediu para que eu pudesse seguir a minha vida, que eu fosse feliz. Hoje eu tenho uma amizade muito grande com o Felipão, sempre coloquei que é um ser humano que foi meu pai muitas vezes, principalmente na China. Esse carinho que eu tenho pelo Felipão com certeza será eterno por tudo o que vivenciamos”.
‘Queria muito ter jogado com o Neymar no Barça’
Paulinho chegou ao Barcelona pouco tempo antes de Neymar ser vendido ao PSG pelo valor recorde de 222 milhões de euros (R$ 812 milhões), em 2017. Mesmo assim, o astro ajudou o compatriota na adaptação a Barcelona.
“Quando eu chego (ao Barcelona) o Neymar já praticamente está com a sua transferência feita para o PSG. Ele me ajudou, explicou o meu perfil de jogador, como eu era. Eu chego em Barcelona e ele realmente me ajuda em muitas coisa, em termos de moradia, para deixar uma estrutura bacana para a minha família”, revelou.
O ex-volante ainda confidenciou que um dos sonhos não cumpridos durante a passagem pelo Barça foi o de não ter jogado com Neymar no clube, ainda que ambos já fossem colegas de seleção.
“Obviamente que eu queria muito ter jogado com o Neymar no Barcelona, mas a gente sabe que o futebol é dinâmico, que é uma decisão muito pessoal e relativa, mas óbvio que o meu maior desejo era jogar com ele no Barcelona. Não foi possível, mas tivemos anos importantíssimos e marcantes com a camisa da seleção brasileira, mas realmente faltou isso, atuar com ele no Barcelona, infelizmente não aconteceu”.
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Paulinho diz como Neymar e Messi o ajudaram em ida para o Barcelona e que queria ter jogado com brasileiro no clube: ‘Faltou isso’
Ex-jogador concedeu entrevista exclusiva à ESPN
E, claro, que também o ajudou durante o período na Catalunha foi o próprio Messi, inclusive, dentro dos gramados. Nas memórias de Paulinho, o argentino, ao lado de Iniesta, era os que mais impressionava nos treinos.
“Sempre foi uma relação muito boa, tranquila. Não só o Messi, mas todos eles (jogadores do Barcelona) ajudam o atleta que chega. Tenho um carinho e admiração muito grande pelo Messi e o Iniesta. Para mim são caras diferentes de todos os outros, de tudo o que eu vi na vida. Obviamente que dentro de uma partida eles fazem todas aquelas coisas diferentes, mas no treino também é coisa absurda. Tive esse privilégio”.
‘Tudo é diferente’
O brasileiro ainda lembrou da experiência de disputar o El Clásico duas vezes – e sem ser derrotado. A “estreia” foi em pleno Santiago Bernabéu, na temporada em que o clube merengue foi tri da Champions League com Zinedine Zidane. E o Barça venceu sem sustos por 3 a 0, com gols de Suárez, Messi e Aleix Vidal no fim.
Em campo, ele, Cristiano Ronaldo. E Paulinho lembrou como foi encarar o astro português, na temporada em que o camisa 7 do Real Madrid disputou seus últimos clássicos contra Messi no Barcelona, já que logo após a Copa do Mundo da Rússia se transferiu para a Juventus.
“Tudo é diferente (no El Clásico). A atmosfera é diferente, o ambiente é outro, todos sabem a rivalidade que existe entre Barcelona e Real Madrid, sempre querendo ganhar dos dois lados. É uma preparação diferente, nós, jogadores, entendemos que é a partida do ano, é um campeonato à parte, como em qualquer outro país que existem os clássicos, mas esse daí com certeza é um dos maiores que eu já joguei”, disse.
“(Cristiano Ronaldo é) um dos melhores jogadores do mundo, já fala por si. Qualquer adversário que jogava contra sabia a dificuldade que iria enfrentar, um cara que está jogando até hoje em alto nível, não é à toa. Enfrentá-lo, dentro de um Bernabéu, conseguir um resultado positivo, realmente é um feito grandioso individualmente para mim”, continuou.
E por último, Paulinho ainda disse qual, na sua opinião, é o clássico brasileiro que mais se assemelha à rivalidade Barcelona x Real Madrid, apontando para o dérbi paulista entre Corinthians e Palmeiras.
“Por toda a história que tem, toda a atmosfera. Os dias que antecedem o clássico, é uma história. Esses dois para mim são os maiores”, finalizou.
Paulinho encerrou a sua passagem pelo Barça em 2018, com 9 gols e 2 assistências em 49 jogos, e retornou ao Guangzhou. Em 2022, voltou ao Corinthians e ficou no Parque São Jorge até pendurar as chuteiras.
Onde assistir ao El Clásico?
O El Clásico entre Barcelona e Real Madrid, pela 35ª rodada de LALIGA, tem transmissão ao vivo no Disney+, no domingo (11), às 11h15 (de Brasília).