Se hoje Raphinha brilha com a camisa do Barcelona e sonha até mesmo com a Bola de Ouro, no passado outros brasileiros também tiveram destaque com o mesmo manto. Um deles foi o ex-meia Rivaldo, que passou pelo clube entre 1997 e 2002, período em que foi coroado melhor jogador do mundo, em 1999.
Às vésperas do El Clásico entre Barcelona e Real Madrid em LALIGA, neste domingo (11), com transmissão ao vivo no Disney+ a partir das 11h15 (de Brasília), o embaixador da Betfair concedeu entrevista ao ESPN.com.br e lembrou da passagem pelo Barça.
Rivaldo falou, inclusive, da fatídica negociação que mudou a sua vida, no último dia da janela de transferências europeia de 1997, quando o clube catalão o contratou junto ao Deportivo La Coruña, que tinha o tirado do Palmeiras no ano anterior.
Segundo Rivaldo, a sua premissa naquele momento era seguir na Galícia e não se transferir para o Barça. Mas em um telefonema, tudo mudou em um piscar de olhos.
“Foi uma surpresa este telefonema. Tudo aconteceu no último dia da janela de transferências, o meu empresário me ligou e falou que nada menos que o Barcelona entrou em contato com ele e queria me contratar. Fiquei assustado porque estava feliz em La Coruña, não tinha planos para sair”, disse.
“Para não ir, pensei em pedir um valor bem alto, três vezes o que eu ganhava no La Coruña. Falei tudo isso ao meu empresário e ele me retornou que dificilmente o Barcelona aceitaria a minha oferta, falei que tudo bem, pois eu realmente estava feliz e satisfeito na cidade e no time que me receberam muito bem. Mas, cerca de 10 minutos depois, ele me retornou dizendo que o Barcelona havia aceitado a proposta e já tinha mandado o contrato para eu assinar. Eu não queria ir, mas eles aceitaram a proposta e eu assinei o documento. Foi o telefonema mais importante da minha carreira”.
Quando desembarcou na capital da Catalunha, Rivaldo era apenas mais um craque em meio a tantos outros. Luís Figo, Giovanni, Kluivert, Stoichkov e até mesmo Pep Guardiola, a lista era extensa. E o brasileiro se impressionou com a quantidade de estrelas com que se deparou no time.
“Chegar ao Barcelona e encontrar um elenco recheado de estrelas foi algo impressionante. Eu não imaginava que um dia eu iria jogar com Kluivert, Stoichkov e Guardiola, naquele time que tinha talento em cada área do campo. A gente se entendia muito bem dentro de campo, realmente parecia que jogávamos por música. Cada um tinha uma característica diferente, e isso ajudava muito na hora da construção de jogadas”, lembrou, citando a relação especial que teve com o compatriota Giovanni.
“O Giovanni foi o cara que eu mais me entrosei, sabíamos onde cada um estava no campo, a gente sempre falava a mesma língua, vínhamos do mesmo estilo de futebol, além de sermos brasileiros”.
‘Sou muito grato ao Barcelona’
No Barça, Rivaldo assumiu rapidamente o protagonismo e teve uma passagem com brilho e títulos conquistados. Foram duas conquistas de LALIGA, uma Copa do Rei e ainda a Supercopa da Uefa.
A principal honraria do período, porém, foi individual: o prêmio de melhor do mundo da Fifa em 1999, desbancando o inglês David Beckham e ainda o argentino Gabriel Batistuta.
“Para mim, foi uma emoção enorme ter conquistado esse prêmio e estar jogando em um dos maiores clubes do mundo. Tive a felicidade de jogar cinco temporadas nesse clube que eu adoro. Sou muito grato por ter tido a oportunidade de vestir a camisa do Barça, de ter sido eleito o melhor do mundo atuando ali”.
“Foi muito especial ter conquistado o prêmio de Melhor do Mundo, a Bola de Ouro – o prêmio de Melhor da Europa – justamente jogando no clube que eu gosto, que tenho um carinho enorme, tanto pelo Barcelona quanto pelos torcedores e pela cidade. Tudo isso deixa uma lembrança maravilhosa”, disse.
“Grande parte do meu reconhecimento mundial no futebol veio por causa do que vivi no Barcelona, principalmente naquela temporada em que ganhei o prêmio. Foi um ano marcante tanto para mim individualmente quanto para o clube. Ter um jogador eleito o melhor do mundo é algo importante também para a instituição”, prosseguiu.
“Sou muito grato ao Barcelona por tudo que conquistei ali. O ano de 1999, claro, ficou ainda mais marcado por conta dessa conquista individual, mas a verdade é que fui muito feliz durante todas as cinco temporadas que vivi naquele clube incrível”.
‘Todos os jogos contra o Real Madrid foram especiais’
Durante o período em que defendeu as cores do Barcelona, Rivaldo disputou o clássico contra o Real Madrid diversas vezes. Em 12 jogos, foram cinco gols, além de muitas lembranças.
“Jogar contra o Real é sempre um jogo grande, um jogo gostoso de disputar. Todo jogador fica ansioso para esse momento. O clássico sempre tem um clima especial”, afirmou.
“Teve um jogo, se não me engano, que vencemos por 2 a 0, logo depois da saída do Figo para o Real Madrid. O estádio estava lotado, a pressão era enorme por causa da situação envolvendo ele. Foi um jogo espetacular, muito marcante pro Barcelona por tudo que envolvia. O mundo inteiro queria ver esse jogo e esse foi ainda mais marcante”, disse, citando outras lembranças no El Clásico.
“Também teve um outro clássico que terminou 2 a 2. Eu cheguei a fazer o terceiro gol, que foi anulado por impedimento, mas na minha opinião não estava. A bola desviou no zagueiro do Real Madrid, então para mim foi um gol legal. Era já no finalzinho da partida, e muita gente lembra desse jogo também. Isso no mando do Real Madrid!”.
“Outro jogo inesquecível foi uma vitória por 3 a 2 no campo do Real Madrid. Se eu não me engano, o Giovanni fez o gol da vitória e ainda comemorou provocando a torcida, fazendo aquele gesto com o braço – uma banana. Foi marcante também. Esse tipo de provocação, no calor do clássico, é coisa do futebol”.
“No geral, todos os jogos contra o Real Madrid foram emocionantes, jogos grandes, com muita rivalidade. A semana inteira antes do clássico só se falava nisso, tanto em Barcelona quanto em Madrid. A atmosfera é única”.
‘Ficará em níveis muito parecidos com o Barça de Pep’
O brasileiro melhor do mundo também segue acompanhando o Barcelona, agora comandado por Hansi Flick, e vê a chance de o alemão fazer história, assim como Pep Guardiola, hoje no Manchester City, que conquistou tudo o que era possível à frente do clube.
“Eu acompanho bastante o time atualmente. Essa temporada sem dúvida está sendo ótima para colocar o Barcelona de volta onde merece entre os melhores times do mundo. A gente viu por anos o Real Madrid sendo o grande protagonista espanhol e acho que o Hansi Flick conseguiu ajeitar o time e tirar o máximo de todos os jogadores”, disse.
“É difícil comparar por que o futebol mudou muito, sabe? Na nossa época a parte física era importante, mas o estilo de jogo era o que mais chamava atenção. Hoje todos os times precisam jogar com uma intensidade muito alta o tempo todo, senão o adversário domina você. Mas como já comentei em outras oportunidades, se esse Barcelona conquistar, depois da Copa do Rei, também LALIGA e a Champions League, o Barcelona de Flick chegará a fazer história e ficar em níveis muito parecidos com o Barça de Pep”.
A briga pela Champions League terá que ficar para a próxima temporada, visto que o Barcelona acabou eliminado pela Inter de Milão, após dois jogos insanos.
Rivaldo ainda falou sobre o grande momento vivido pelos atacantes Raphinha e Lamine Yamal. E colocou o brasileiro, hoje, como o favorito a conquistar uma possível Bola de Ouro.
“As atuações dele mostram que o nome dele precisa ser considerado e na minha opinião ninguém está mostrando um futebol que nem o dele. Acho que o Yamal é um jogador incrível, de muito personalidade, principalmente pela idade que tem e pela responsabilidade que chama para ele mesmo com pouca idade. Mas Lamine é muito novo, ainda vai mostrar muito mais do seu futebol e fazer coisas incríveis pelo Barcelona, acho que nessa o Raphinha leva vantagem e tem minha torcida, pois admiro muito sua forma de jogar”.
Onde assistir ao El Clásico?
O El Clásico entre Barcelona e Real Madrid, pela 35ª rodada de LALIGA, tem transmissão ao vivo no Disney+, no domingo (11), às 11h15 (de Brasília).