Porto, Al Ahly e Inter Miami: estrangeiros destrincham rivais do Palmeiras

A estreia do Palmeiras no Mundial de Clubes está cada vez mais próxima, e o frio na barriga dos torcedores fica cada vez maior.

Nos treinamentos em Greensboro, nos Estados Unidos, o técnico Abel Ferreira e sua comissão preparam as “armas secretas” para enfrentar Porto, Al Ahly e Inter Miami na fase de grupos, em busca da classificação para as oitavas de final.

Para saber mais sobre os rivais do Alviverde na competição internacional, a ESPN procurou três jornalistas estrangeiros que entendem tudo (e mais um pouco) sobre os times do grupo A do Mundial.

A pedido da reportagem, eles destrincharam cada um dos clubes, analisando as temporadas de cada equipe e como os times vão encarar o torneio nos Estados Unidos.

Veja abaixo as análises:

PORTO

Por Francisco Sebe, setorista do Porto no jornal português O Jogo

Se vários clubes europeus não vão colocar as “fichas” no Mundial de Clubes, o mesmo não poderá dizer-se do Porto. A fechar uma temporada decepcionante em termos esportivos – mas também de “reconstrução” -, a nova competição organizada pela Fifa surge como uma espécie de oportunidade de redenção para os “Dragões”, que, na primeira temporada da era pós-Pinto da Costa, conquistaram apenas um troféu: a Supercopa, ainda em agosto.

Em termos de objetivos, ninguém esperará, pelo menos de forma realista, que o Porto seja capaz de conquistar o Mundial, embora a história do clube obrigue, pelo menos publicamente, a assumir esse desejo.

Num cenário mais adequado aos tempos atuais, passar pela fase de grupos pode ser encarado como a meta mínima a ser atingida pela equipe de Martín Anselmi, sendo que o previsível confronto com PSG ou Atlético de Madrid (ou, eventualmente, o Botafogo) coloca, desde já, um obstáculo complicado no caminho azul e branco.

Depois de sete anos com Sérgio Conceição no comando técnico, o Porto, com André Villas-Boas como presidente, escolheu um homem que conhece bem o clube para assegurar a sucessão do técnico mais vezes campeão na história do clube: o seu ex-auxiliar, Vítor Bruno. O início foi promissor: uma “remontada” épica na Supercopa contra o Sporting – de 3 a 0 para 4 a 3 – e um título logo no primeiro jogo.

As coisas não correram tão bem nos outros campeonatos. Desafiados a classificarem-se de forma direta às oitavas de final da competição europeia, os “Dragões” venceram somente três dos oito jogos, contra Hoffenheim, Midtjylland e Maccabi Tel-Aviv. Ainda assim, conseguiram um lugar no playoff, onde caíram para a Roma, já com Anselmi ao leme.

No Campeonato Português, o Porto chegou em janeiro com a chance de assumir a liderança, mas esse cenário era enganoso. A equipe já tinha perdido os duelos diretos com os dois rivais, Sporting e Benfica, e dava sinais de instabilidade. A derrota com o Nacional marcou um ponto de virada. Após nova derrota, com o Gil Vicente, Vítor Bruno foi demitido e, até à chegada de Anselmi, o inteiro por duas partidas foi José Tavares (diretor da formação).

Anselmi trouxe mudanças táticas profundas, implementando, de imediato, um sistema poucas vezes visto no reino do “Dragão”, mas cada vez mais difundido no futebol mundial: o 3-4-3. Porém, a qualidade do futebol praticado não registou melhorias acentuadas e Anselmi conseguiu conduzir a equipe aos… “mínimos” exigíveis.

O Porto terminou o campeonato no 3º lugar, foi eliminado na 4ª fase da Taça de Portugal e nas semifinais da Taça da Liga. Um fracasso esportivo, que a Supercopa não conseguiu mascarar. O Mundial pode, por isso, funcionar como lufada de ar fresco, também já de olho na próxima temporada.

No elenco, há alguns nomes que se destacam: Diogo Costa, o capitão e goleiro titular da seleção portuguesa; Iván Marcano, que, apesar dos 37 anos e de já ter passado por algumas lesões graves continua a ser o elemento mais estável da defesa; o volante Alan Varela, ex-Boca Juniors e da seleção sub-23 pela Argentina; e, claro, Rodrigo Mora e Samu, além do recém-contratado Gabri Veiga.

O primeiro, de apenas 18 anos, foi chamado pela primeira vez à seleção principal de Portugal, depois de sete gols nos últimos nove jogos de 2024/25. Já Samu, na primeira época ao serviço do Porto, terminou como o melhor marcador da equipa, com 25 gols em 42 partidas.

À primeira vista, o Palmeiras será o adversário mais nivelado aos “Dragões”, sendo que a obrigação é clara: vencer Inter Miami e Al Ahly.

  • Provável escalação: Diogo Costa; Zé Pedro, Nehuén Pérez e Marcano; João Mário, Eustáquio (Gabri Veiga), Alan Varela e Francisco Moura; Fábio Vieira, Samu e Rodrigo Mora Técnico: Martín Anselmi

AL AHLY

Por Saher Ahmed, repórter do site egípcio King Fut

O Al Ahly, recordista de títulos da Liga dos Campeões da África e do Campeonato Egípcio, concluiu sua temporada 2024/25 com um misto de triunfos e desafios, que acabaram montando o “palco” para a participação no Mundial de Clubes, nos Estados Unidos.

O ponto alto da equipe no ano foi o domínio absoluto na liga local, em que o gigante do Cairo alcançou seu 45º título egípcio com uma goleada por 6 a 0 sobre o Pharco. O sucesso doméstico manteve a dinastia do clube no futebol egípcio.

No entanto, a campanha na CAF Champions League, apesar de ter sido boa, viu o Ahly não conseguir repetir seu título. O time chegou à semifinal, mas acabou eliminado pelo Mamelodi Sundowns, da África do Sul, no critério de gols fora de casa.

Conforme o Mundial foi se aproximando, o Al Ahly acelerou a preparação para seu primeiro desafio desse porte. Um ponto chave disso foi a contratação do técnico José Riveiro, que deixou o Orlando Pirates, da África do Sul, para comandar os “Diabos Vermelhos” nos EUA.

A participação na competição da Fifa, aliás, vem cercada de grande peso e expectativa por parte dos torcedores. O próprio Riveiro admitiu isso em coletiva de imprensa: “Nosso maior objetivo é fazer uma boa estreia. Não estaremos representando somente o Ahly, mas sim todo o Egito, e isso significa muito”, afirmou.

Para fazer bonito, o gigante do Cairo “atacou” o mercado de transferências prévio ao Mundial. Chegaram nomes como o marroquino Achraf Bencharki e o meio-campista egípcio Mahmoud Trézeguét, que chegou com discurso que animou os torcedores: “A ambição do Al Ahly é ganhar todos os títulos possíveis”, bradou.

Outro reforço de grande peso foi o atacante Ahmed Sayed Zizo. O jogador da seleção do Egito, e que atuou pelo rival Zamalek, chegou ao Ahly no limite do fechamento da janela, depois de uma “novela” enorme. Agora, ele tem tudo para ser o grande nome da equipe no Mundial.

A nível individual, o meia Ashour vem de temporada espetacular, com 19 gols e nove assistências, sendo o artilheiro e o melhor assistente da liga. Além dele, o centroavante palestino Wessam Abou Ali, que veio no verão passado, também teve impacto imediato, com 16 gols e cinco assistências.

No geral, o sentimento no clube é o desejo de competir no mais alto nível e ter um impacto significativo no Mundial. Dado o sucesso histórico do clube e o recente triunfo doméstico, o gigante egípcio quer desempenhar melhor que nos últimos torneios internacionais e desafiar alguns dos maiores times do mundo de igual para igual.

  • Provável escalação: El Shenawy; Hany, Ibrahim, Aash e Koka; Dieng, Attia e Ashour; Taher Mohamed, Abou Ali e Bencharki Técnico: José Riveiro

INTER MIAMI

Por Lizzy Becherano, setorista do Inter Miami na ESPN dos Estados Unidos

O Inter Miami começou a temporada 2025 de maneira forte, ganhando oito de seus primeiros nove jogos na campanha.

O time conseguiu manter o bom momento na Concacaf Champions Cup, alcançando a semifinal do torneio pela primeira vez na história do clube. No entanto, a equipe acabou eliminada com um retumbante 5 a 1 no agregado para o Vancouver Whitecaps.

Depois de deixar o torneio continental, o Inter Miami sofreu bastante e custou a se recuperar.

O elenco começou a sofrer com diversas lesões de atletas importantes, e os que tinham condição de jogo entraram em má fase e não conseguiram desempenhar bem.

Com isso, veio uma série que englobou cinco derrotas em sete jogos. O momento ruim só foi cortado depois de um emocionante empate por 3 a 3 com o Philadelphia Union, que levantou os ânimos do plantel.

Agora, o Miami inicia o Mundial de Clubes vindo de uma série de duas vitórias seguidas e tenta se preparar bem para encarar, nesta ordem, Al Ahly, Porto e Palmeiras.

O técnico Javier Mascherano já admitiu que o Inter terá “o maior desafio da história do clube” no torneio da Fifa, já que o nível dos rivais do grupo A será maior do que o de qualquer adversário que a franquia encarou na MLS ou na Concacaf Champions League.

Quando saudáveis e em boa sincronia, Lionel Messi e Luis Suárez ainda são uma dupla de ataque perigosíssima. No entanto, o Inter Miami ainda terá que fazer muitos ajustes em sua defesa se quiser ter um bom desempenho no Mundial.

  • Provável escalação: Ustarei; Weigandt, Falcón, Martínez e Allen; Busquets, Cremaschi, Allende e Segovia; Messi e Luis Suárez Técnico: Javier Mascherano

Próximos jogos do Palmeiras

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