Em uma manhã chuvosa de uma manhã neste início de julho, um morador de rua estendia um cartaz desesperado na estação da Rua 14 do metrô em Manhattan: “Perdendo a esperança; por favor me ajude”.
Basta caminhar pelas ruas e estações de metrô de Nova York para comprovar os números alarmantes da crise de moradia na cidade mais rica dos Estados Unidos.
Mais até que o aumento no número de imigrantes e o caos causado pela epidemia de opioides, a dramática crise de habitação na cidade faz o número de moradores de rua explodir em Nova York.
Segundo a “Coalition for the Homeless”, que faz levantamentos sobre moradores sem teto nos Estados Unidos, em abril de 2025 nada menos do que 108.464 pessoas (37.106 crianças) moravam em abrigos em Nova York. Em 2019, eram pouco mais de 70 mil.
Se estima que outros milhares, pelo menos 4 mil, simplesmente dormem nas ruas e em estações de metrô nas noites geladas do inverno e quentes do verão.
E não pense que são apenas pessoas desempregadas e desesperadas, como o rapaz da foto desta matéria, que precisam apelar para os abrigos. Segundo matéria recente do “The New York Times”, famílias com renda anual na casa dos US$ 50 mil, ou cerca de R$ 22,8 mensais, não conseguem mais comprar ou alugar um apartamento em Nova York e dormem nos abrigos públicos.
Não sem motivo. Sites que agregam anúncios de imóveis divulgam o preço médio das casas. Os valores em Manhattan são estratosféricos.
O preço médio de um apartamento de quarto e sala em Manhattan é hoje de US$ 1,202 milhão, ou, pelo câmbio atual, cerca de R$ 6,5 milhões. Já um apartamento de três quartos vale, na média, US$ 4,831 milhões, ou R$ 26 milhões.
O valor dos aluguéis também é proibitivo: a média mensal na cidade toda é equivalente a R$ 22 mil.
Mas, quem chegou até aqui, pode perguntar o que a crise de moradia de Nova York tem a ver com futebol.
A resposta é simples: o sonho de assistir a final da Copa de 2026 na cidade, que será o palco da grande decisão.
Como no caso dos apartamentos, o preço dos hotéis em Nova York está nas alturas, e vai subir muito mais para o ano que vem. Segundo pesquisa publicada em novembro de 2024, o preço médio de uma diária em hotel em Nova York era de US$ 417, ou quase R$ 2,3 mil.
Se estima que esse valor vai aumentar pelo menos 50% para o período da Copa, com uma diária em um hotel três estrelas passando dos US$ 600.
E outra guerra acontece por esses preços altos. Justamente para frear a subida no preço dos aluguéis das moradias, a cidade de Nova York criou uma lei para dificultar a locação de casas por curto períodos, em plataformas como o AirBnb.
As restrições para períodos inferiores a 30 dias são intensas. Como o interessado ter acesso a todos os cômodos da casa e ser obrigatório o anfitrião estar presente durante a locação.
Isso, segundo as empresas do setor, fez a oferta desse tipo de acomodação despencar, além de não frear a subida no preço dos alguéis e venda de imóveis.
E, com menos concorrência, os hotéis dispararam seus preços.
Se você sonha com a final da Copa, em Nova York, prepare seu bolso. Vai gastar muito