O “caso VaideBet” ganhou um capítulo importante nesta sexta-feira (11). Novo advogado de Augusto Melo na defesa do presidente afastado do Corinthians, Ricardo Hasson Sayeg levou à Justiça um pedido para que a Polícia Federal seja responsável pela investigação que resultou no indiciamento do cartola.
O pedido é de “nulidade por incompetência absoluta”, baseada no argumento de que a Polícia Civil de São Paulo não tinha competência legal para conduzir a investigação sobre o caso, que deveria estar sob os cuidados da Polícia Federal.
Augusto Melo foi acusado pela Polícia Civil de São Paulo pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro relacionados à antiga patrocinadora máster do clube.
Também foram indiciados Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing, Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo, Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, apontado no contrato entre clube e a casa de apostas como intermediador do acordo.
Na noite da última quinta-feira, Augusto Melo, Marcelo Mariano, Sérgio Moura e Alex Cassundé tiveram contra eles uma denúncia oferecida pelo Ministério Público de São Paulo à Justiça.
Na mesma petição, Ricardo Hasson Sayeg demanda ainda “a rejeição liminar da denúncia apresentada” pelo Ministério Público e “indeferimento da liminar de bloqueio patrimonial requerida”.
Yun Ki Lee, diretor jurídico do Corinthians na época da assinatura do contrato, foi indiciado pelo crime de omissão imprópria. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, o advogado assumiu a responsabilidade de fazer a averiguação do contrato e não comunicou nem apontou qualquer irregularidade, nem mesmo o fato da empresa não possuir o CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) daquela atividade.
Em documento, ao qual a ESPN teve acesso, a defesa defende que “a narrativa policial é absolutamente incompetente pois a investigação oficial deveria ter sido realizada pela Polícia Federal”.
Os representantes de Augusto se apoiam no fato de o contrato de patrocínio entre Corinthians e VaideBet ter sido assinado com a “Betpix”, empresa com sede em Curaçao e dona marca que estampou a camisa alvinegra.
“A Polícia Civil, com todo respeito e acatamento, não possui a mesma expertise da Polícia Federal no assunto de Lavagem Internacional de Dinheiro, e pode, como de fato fez, prejudicar pessoa inocente e a finalidade do processo penal de apurar a verdade real”, escreve a defesa.
“Não bastasse isso, está nítido o direcionamento da investigação, uma vez que a Polícia focou em investigar o homem inocente, honrado e de reputação ilibada, Presidente do Corinthians, ao invés de investigar a ligação entre Toninho, Sandro, Alex e a BetPix, empresa detentora da marca VaideBet”, continua.
A demanda de Ricardo Sayeg também alega possíveis erros processuais por parte da Polícia Civil na condução da investigação, como por exemplo a solicitação direta de informações sigilosas do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sem autorização judicial.
A defesa de Augusto Melo levou também à 2ª Vara de Crimes Tributários do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) o fim do sigilo do inquérito que investiga o contrato entre o clube e a VaideBet.
De acordo com Ricardo Sayeg, o dirigente “nada deve e nada teme”, e, por essa razão, o caso deve ser tratado com total transparência – “em respeito à torcida corintiana e ao interesse público”.