O técnico Filipe Luís, do Flamengo, explicou por que não relacionou Pedro para a partida contra o São Paulo, neste sábado (12), e detonou as atitudes do jogador. O treinador classificou o comportamento do atleta durante a semana como “lamentável”, disse que a situação “beirou o ridículo” e afirmou que dados de GPS mostram que o atleta “foi o último em todas as valências físicas” durante os treinamentos que participou nos últimos dias.
O comandante ainda exigiu que Pedro peça desculpas ao elenco do Flamengo por ter rompido com o “princípio claro da cultura de treinos”. Ele disse que tem vontade de contar com o jogador no elenco, mas que o atacante “tem de querer”.
“O que aconteceu foi que o comportamento e atitude do Pedro durante a semana foram lamentáveis. Beirou o ridículo para mim. Evidentemente que o Pedro tem seus problemas pessoais com a diretoria do clube, problemas dele. Não é de agora que ele vinha treinando mal. Vem durante um tempo. Mas nesta semana ele rompeu com um princípio claro que temos como comissão, e que o grupo de jogadores tem, que é a cultura de treino. Para mim, o que ele fez foi uma falta de respeito, a atitude dele nos treinamentos”, iniciou Filipe Luís, em entrevista coletiva.
“Não duvidei em nenhum momento de deixá-lo fora da lista de relacionados, porque esse tipo de comportamento pode contagiar. Espero que ele recapacite, que pense, peça desculpa para os companheiros e que volte a ser o Pedro. Para mim, não é só uma falta de respeito com os companheiros. É uma falta de respeito primeiro com ele mesmo. Para um jogador que tem uma ambição que o Pedro deveria ter, de chegar na seleção brasileira, jogar outra Copa do Mundo, não pode negociar um minuto de treinamento, infelizmente, e nesta semana aconteceu”, seguiu.
“Faltou respeito com os torcedores, que estão esperando o melhor Pedro, o Pedro de antes da lesão, e nem falar do clube, que paga o salário. É muito simples. Venho de peito aberto responder todas as perguntas que vocês queiram sobre esse assunto. Tentei protegê-lo por muito tempo, mas chega uma hora que ele tem de querer. Tem de partir dele. O Pedro tem de querer mais do que eu. Eu não posso querer mais do que ele”, acrescentou.
Pedro, apesar de não ter sido relacionado, foi ao Maracanã para acompanhar a partida. O contrato com o clube é válido até o fim de 2027, e Filipe Luís disse que não queria ir ao mercado para buscar outro atleta, mas que o camisa 9 precisa treinar no mesmo nível dos companheiros.
“A gente vê no campo a cultura de treino instaurada nesses jogadores, o que eles conseguem correr e performar. O meu olho me diz o que eu vejo no campo, em cada treinamento, mas temos dados de GPS que nos dizem que o Pedro é o último em absolutamente tudo durante esta semana. E um jogador que é o último em absolutamente todas as valências física, que é alta intensidade, aceleração, desaceleração, não está pronto para performar”, detonou.
“Vocês podem botar culpa no treinador, no modelo, nos companheiros, no Arrascaeta, em quem for. Mas a culpa é dele. Ele tem de querer. A hora que ele quiser, estou esperando de braços abertos, porque não posso ir para o mercado comprar um jogador que faça 30 gols que nem ele. Ele está com a gente, não é um problema, deveria ser a solução. Repito: tem de querer. A hora que ele quiser, que ele pedir desculpa para os companheiros e voltar a treinar no nível que os companheiros estão treinando, com certeza não vai ser um problema, vai estar no campo de titular indiscutível”, finalizou.
Segurou apurou a ESPN, Pedro ficou fora do treino coletivo na sexta-feira (11) por opção da comissão técnica.
O desgaste entre o Rubro-Negro e o jogador vem desde o Mundial, quando o atacante foi reserva nas duas principais partidas do time, contra Chelsea e Bayern de Munique. Contra a equipe inglesa, o camisa 9 entrou já na reta final nos acréscimos do segundo tempo. Contra o Bayern, Pedro sequer saiu do banco.
Nos dois outros jogos do Flamengo na competição, contra Espérance e LAFC, ele iniciou entre os titulares e foi substituído. Na competição, Pedro não balançou as redes.
Mais respostas de Filipe Luís sobre Pedro
“Por que um profissional, que é bem pago pra treinar e jogar, negocia? Não sei qual a frustração dele. Eu conversei com ele, três, quatro vezes, e ele mesmo reconhece o nível. Aí você fala do modelo, mas ele jogou dois jogos titular no Mundial de Clubes. E o Bruno Henrique não jogou, o Wallace Yan, o Juninho, não jogaram. E por que ele jogou? Porque estou tentando recuperar o Pedro. Todos esperamos o Pedro antes da lesão, o Pedro pós-lesão não é o mesmo. Ele teve um jogo excepcional contra o Corinthians, mas depois caiu o nível. Eu sei por que e já falei pra ele. Porque ele treina mal. Ele tem uma qualidade excepcional, a bola vai chegar e ele vai ajudar a equipe. Mas infelizmente não está no nível dos companheiros. Eu espero que ele lute, ele tem que lutar com ele mesmo, com a cabeça dele, não comigo, com os companheiros. Ele tem que treinar mais que todo mundo, em silêncio. Tenho certeza que a hora que ele estiver assim, jogou uma Copa do Mundo, é um dos melhores que já passaram aqui na história do Flamengo. Agora, ninguém vive de passado. Futebol se conquista diariamente. O Luiz Araújo é uma prova disso, o Allan é prova disso, o Erick, o Varela… Não tem outro caminho. Por mais que eu ande voltas, fale de modelo, ele tem que querer. A hora que ele quiser, ninguém segura. Mas ele tem que querer.”
“E a exposição do treinador? Quem pensa nisso? Muitas vezes, quando a gente passa o time titular, ninguém entende e todo mundo porrada do treinador. Mas chega um ponto… Defendi durante muito tempo. Claro que dá. Eu não quero que ele saia, já falei isso pra ele. Quero que ele se dedique, que corra. A hora que ele correr, segurar a bola, sustentar o duelo com os zagueiros, o que não estava fazendo, ele vai jogar. Não precisa me dar abraço, me dar a mão, me dar bom dia. Ele precisa ser profissional, ir lá e resolver no campo. Quando ele fizer isso, vou estar esperando o abraço, se ele não quiser me dar, não tem problema nenhum. Eu quero ganhar, se quiser ganhar comigo, vamos juntos. Se ele não quiser, outros vão querer.”
