O técnico Abel Ferreira soltou o verbo após a suada vitória do Palmeiras por 3 a 2 sobre o Bolívar, na altitude de La Paz, pela fase de grupos da CONMEBOL Libertadores, nesta quinta-feira (24). O triunfo consolidou a ótima fase do Verdão na temporada: são sete vitórias consecutivas e uma impressionante invencibilidade de 16 jogos como visitante na competição continental. Mas o português fez questão de jogar “gelo” na empolgação — inclusive da imprensa.
Em sua entrevista coletiva, Abel não poupou críticas ao tratamento recebido pelo time no Campeonato Paulista, em que o Alviverde perdeu para o Corinthians na final, e fez um alerta sobre os elogios que, segundo ele, agora devem vir com força.
“Se me permite, eu tenho que colocar gelo na imprensa. Porque os mesmos que vão elogiar agora, foram os mesmos que nos rasgaram no Paulista e chegamos à final. Fomos completamente criticados pela imprensa. Nossa força é que nós sabemos o que fazemos aqui dentro e tudo é um processo. Um processo que leva tempo”, iniciou.
O treinador reforçou o discurso de que o grupo é mais forte do que qualquer indivíduo — e que o Palmeiras segue firme mesmo enfrentando adversidades: “Mesmo com os jogadores lesionados, nós fizemos o Paulistão quase todo sem nenhum reforço e fomos tremendamente criticados. E agora sei que seremos tremendamente elogiados.”
Com seu estilo direto, Abel fez questão de deixar um recado também ao elenco: cautela com os elogios exagerados.
“Aos meus jogadores, eu vou dizer exatamente isso: ‘não leiam o que escrevem, porque agora vão nos encher o ego, de armadilhas, nós somos os mesmos, não mudou. Sabem quando deixamos que massageiem o ego? Isso é um perigo’. Então, a vocês e aos jogadores, não leiam o que estão escrevendo, pois são os mesmos que nos rasgaram. Vocês, nós, todos! Então, calma, gelo. Nem éramos tudo aquilo que estavam dizendo uns meses atrás, nem somos os melhores agora.”
Apesar da vitória importante fora de casa, que encaminha a classificação na Libertadores, e o Palmeiras ser o líder do Brasileirão, Abel não escondeu que ainda vê muitos pontos a corrigir. O técnico destacou falhas defensivas e cobrou ajustes em posicionamento.
“Precisamos trabalhar muito, precisamos corrigir muito. Há posicionamentos que precisamos corrigir, os três jogadores que estão na última linha têm que marcar, o goleiro tem que estar mais no segundo poste. Há muitas coisas que temos que melhorar para estarmos mais próximos de ganhar.”
Mesmo assim, ele fez questão de valorizar o espírito coletivo da equipe e a força mental demonstrada na altitude: “Sabemos que não vamos ganhar sempre, mas eu acredito neste Palmeiras. O espírito de grupo, o trabalho de grupo, será sempre muito mais forte do que qualquer jogador individualmente, ou treinador, ou diretor, ou presidente. Nossa força vem daquilo que vocês viram aqui hoje: inteligência tática, esforço, sacrifício. Podíamos sair daqui com um empate, mas tivemos a calma necessária para manter nossa atitude. Como eu digo aos jogadores, o jogo só acaba quando termina.”